Com mercado de trabalho aquecido, centrais sindicais e presidente Dilma trocam questão salarial pelo tema da alta de preços, que ameaça poder de compra.
Indexação salarial volta ao debate
Força Sindical sugere reajuste trimestral, mas ministro garante que presidente "zela como uma leoa" para conter alta de preços
SÃO PAULO - Com o desemprego no menor patamar desde 2002, a inflação se tornou o alvo de críticas nas comemorações do Dia do Trabalho no país. No meio de discursos contra a política econômica do governo, Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, defendeu reajustes trimestrais atrelados à inflação.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou que "não considera necessária" a reivindicação do deputado Paulinho da Força, também de seu partido, o PDT, de criar um mecanismo de indexação dos salários.
– Não considero hoje necessário porque pode estimular a inflação – afirmou ao chegar ao 1º de Maio Unificado, evento organizado pela Força Sindical em parceria com outras centrais.
A presidente Dilma Rousseff optou por ficar de fora das comemorações do Dia do Trabalho organizadas por centrais e fez um pronunciamento oficial, transmitido à noite (leia ao lado). Como representante da presidente no 1º de Maio Unificado, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que Dilma "zela como uma leoa" para defender os trabalhadores e conter a alta inflacionária.
Presente no mesmo evento, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), possível adversário de Dilma na disputa eleitoral do próximo ano, afirmou ser contra a proposta de criar um mecanismo de indexação dos salários dos trabalhadores, mas criticou a gestão petista por essa proposta retornar ao debate.
– Esse tema volta à discussão exatamente porque o governo do PT vem perdendo o controle sobre a inflação. Várias propostas vão surgir, inclusive essa da Força. Não é a minha, eu não sou a favor da indexação – afirmou Aécio, acrescentando que "não podemos permitir que o fantasma da inflação volte a rondar a mesa do trabalhador".
Em outra comemoração também em São Paulo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) reforçou a luta pela redução da jornada de trabalho e pela não aprovação do Projeto de Lei 4.330, de 2004, que permite a terceirização nas empresas.
– Esse projeto é ruim para o Brasil. Ele vai fazer com que não se tenha nenhuma regulamentação do mercado de trabalho – disse Vagner Freitas, presidente da CUT.
A CUT e o ministro Carvalho anunciaram que o governo abrirá uma mesa de negociação permanente com as centrais trabalhistas. As conversas começam no dia 14 de maio. Um dos temas será exatamente o debate sobre o projeto da terceirização.
Fonte: Zero Hora (RS)
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