Márcia Cavallari Nunes – O Globo
Marina Silva terminou a eleição presidencial de 2010 com cerca de 20 milhões de votos, um capital eleitoral bem significativo. Neste ano, a candidata entra na campanha com um patamar de intenções de voto bastante expressivo e já conquistou metade dos eleitores que, até a oficialização da sua candidatura, votariam em branco ou nulo ou não sabiam em quem votar. Este contingente de eleitores, que era de 24% na última pesquisa realizada antes da morte trágica de Eduardo Campos, passa para 12% na mais atual.
Ela também conquista parte dos votos dos candidatos de oposição (Aécio Neves, Eduardo Campos e demais candidatos), que, até aquele momento, não estavam conseguindo se apropriar do desejo de mudança que tanto almeja o eleitorado brasileiro. Com isso, ela conquista mais 21 pontos, chegando hoje aos 33% das intenções de voto. Por outro lado, a presidente Dilma segue estável no patamar de 37%, e Aécio Neves tem hoje 15%. A grande pergunta que se coloca é se Marina tem espaço para crescer mais. O potencial de voto da candidata é alto: 65% do total de eleitores dizem que com certeza votariam ou poderiam votar nela, contra 52% e 48% da presidente Dilma e do senador Aécio Neves, respectivamente. O único espaço disponível para crescimento das candidaturas é a migração de voto entre elas, pois o patamar de votos brancos e nulos já está bem próximo das médias históricas de eleições anteriores.
Analisemos, então, o perfil dos eleitores de cada candidato para poder entender uma possível migração de votos entre eles. Dentre todos os eleitores que já escolheram em quem votar, aqueles que optam por Dilma são os que mais declaram que sua escolha é definitiva e são, em sua maioria, homens, têm menor escolaridade, menor renda, moram no Nordeste, são de municípios pequenos e médios localizados no interior do país, católicos e petistas. Entre os que têm intenção de votar em Aécio há mais homens, com maior escolaridade, maior renda, moradores de municípios pequenos e do Sudeste, católicos e simpatizantes do PSDB. Por fim, os eleitores de Marina são, em sua maioria, mulheres, os jovens de até 34 anos, pessoas com ensino médio e evangélicos. Nos demais segmentos, como região do país, porte de município e renda familiar, ela consegue obter votos na proporção do eleitorado, o que significa dizer que ela tem um alcance mais homogêneo nestes segmentos em comparação com seus adversários. Assim, pode-se concluir que Marina é a candidata que mais pode conquistar votos dos seus adversários porque tem simpatizantes em todos os segmentos, enquanto seus oponentes contam com maior apoio de eleitores com perfis mais específicos, quase antagônicos.
Acompanhemos as próximas pesquisas.
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