• Para a candidata do PSB, a presidenta Dilma tem responsabilidade política sobre suposto esquema de pagamento de propinas na Petrobras, mas é "leviano" tentar culpá-la pessoalmente pelas irregularidades cometidas
Leonardo Fuhrmann – Brasil Econômico
A presidenciável Marina Silva (PSB) usou as denúncias de supostas irregularidades na gestão da Petrobras para atacar a presidenta Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição, e Aécio Neves (PSDB). Para Marina, Dilma tem responsabilidade política pelos desvios que teriam ocorrido na gestão da estatal pelo governo petista. A socialista, no entanto, considerou "leviana" a tentativa de Aécio de responsabilizar a presidenta pessoalmente pelo escândalo, com as declarações de que seria impossível que ela não soubesse das propinas na empresa. "Não vou ganhar as eleições a qualquer custo e preço", afirmou ontem, em uma visita a um centro de educação infantil mantido pela comunidade judaica na capital paulista. Na semana passada, foram divulgados trechos do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto da Costa, em que ele envolveria deputados federais, senadores e governadores da base aliada em um esquema de corrupção na empresa.
Entre os nomes apontados está o do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), de quem Marina era vice. Ele morreu em um acidente aéreo no mês passado e a ex-ministra do Meio Ambiente assumiu a cabeça da chapa. Marina afirmou que aguarda uma investigação das instituições nacionais. Lembrou que, por se tratar de uma delação premiada, o Ministério Público Federal não deve permitir denúncias sem provas contra políticos supostamente envolvidos no esquema. Segundo ela, quem é culpado será punido, mas quem manteve nos quadros da empresa as pessoas envolvidas em corrupção foi conivente com os desmandos praticados. A candidata também demonstrou confiança no trabalho da Polícia Federal. "Foi uma instituição importante no combate ao desmatamento na época em que eu era ministra do Meio Ambiente", explicou Marina.
A presidenciável citou escândalos anteriores, como "o mensalão do governo Lula" e o "mensalão mineiro do PSDB" para cobrar mais eficiência no combate à corrupção. Ela defendeu o fim das indicações políticas para cargos técnicos no governo federal e a criação de comitês de busca para selecionar profissionais para exercer essas funções. A proposta já era defendida pela coligação quando Campos era o presidenciável. Evangélica da Assembleia de Deus, a candidata citou o versículo 32 do capítulo 8 do Evangelho Segundo São João para reafirmar a sua confiança no desfecho das investigações: "E conhecereis a verdade e ela vos libertará", disse. Acompanhada de Neca Setúbal, uma das coordenadoras de seu programa de governo, a candidata esteve na creche Betty Lafer -mantida pela Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) - no Bom Retiro, região central da capital paulista.
Marina chamou a sua passagem pelo local de "visita técnica" a um trabalho que considera "modelo". Ela defendeu que o governo consiga repetir e multiplicar em escala as boas iniciativas privadas e do terceiro setor, além de manter parcerias. A presidenciável lembrou que a atual gestão prometeu 6 mil creches, mas entregou apenas 400 e tem 700 em construção. Sem apontar uma meta de unidades construídas, ela repetiu a promessa de aplicar 10% do orçamento em educação.
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