• Petistas usam na estatal mesmo esquema do mensalão aplicado no Banco do Brasil, a fim de drenar dinheiro público para políticos da base do governo
Foi o próprio Roberto Jefferson, deputado federal pelo PTB fluminense, que batizou o esquema de "mensalão" ao denunciar, em entrevista à "Folha de S.Paulo", a distribuição de dinheiro sujo entre parlamentares do governo. Transcorria 2005. Sete anos depois, o STF começaria a lavrar as primeiras condenações de mensaleiros. Entre eles, poderosos como o ex-ministro José Dirceu. O próprio Jefferson terminaria preso, por ter sido um deles.
Não se podia esperar, entretanto, que o mesmo grupo do PT responsável pela operação fraudulenta repetiria o delito e, talvez, até em maiores dimensões. Se, no primeiro mensalão, aproveitou-se um aparelho sindical petista montado na diretoria do Banco do Brasil a fim de bombear recursos da instituição estatal para a lavanderia de Marcos Valério, desta vez a estatal saqueada foi a Petrobras. E o destino dos recursos surrupiados, segundo depoimentos sigilosos vazados, feitos ao Ministério Público por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa, foi o mesmo: políticos da base governamental, especificamente do PT, PMDB e PP. Ressalve-se que, ao aceitar fazer delação em busca do prêmio da redução de pena, Paulo Roberto terá de provar tudo o que diz. Da primeira lista de beneficiários, constam 25 deputados federais, seis senadores, três governadores e um ministro. Virão mais nomes. Entre os destaques, a cúpula do Congresso — Henrique Alves e Renan Calheiros —, Edison Lobão, das Minas e Energia; Sérgio Cabral e o falecido Eduardo Campos.
Fora do campo parlamentar, está na lista de Costa o indefectível João Vaccari Neto, sucessor na tesouraria do PT de Delúbio Soares, mensaleiro em fase de cumprimento de pena. Vaccari seria o intermediário entre Costa e empreiteiros, conhecida fonte de dinheiro de corrupção.
A história do novo mensalão parece mais longa. Colocado numa "geladeira" na estatal durante a gestão tucana, Paulo Roberto, chamado de "Paulinho" por Lula, assumiu a diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2004 e lá ficou até 2012. Atravessou dois mandatos de Lula, quase completos, e a primeira fase de Dilma no Planalto. Lula deverá repetir o "nada sei" do primeiro mensalão. Dilma, embora ministra de Minas e Energia e da Casa Civil de Lula, e presidente do Conselho de Administração da estatal, já afirmou ontem o mesmo. Outros diretores precisarão ser ouvidos, a começar por José Sérgio Gabrielli, ex-presidente, símbolo do lulopetismo na estatal.
A ordenha criminosa de dinheiro público, agora por meio da cobrança de "por fora" de empreiteiras e/ou superfaturamento de contratos assinados com a estatal, abasteceria o doleiro Alberto Youssef, o Marcos Valério deste mensalão. Lavado, o dinheiro chegaria aos políticos. As minas de ouro exploradas seriam a bilionária refinaria Abreu e Lima e a caríssima unidade de refino comprada em Pasadena.
O conhecido lema de certa esquerda de que "os fins justificam os meios" justificou mais delinquências no governo do que se pensava.
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