• Partido que tem terceira maior bancada da Câmara dos Deputados espera receber mais cargos
Isabela Bonfim, Igor Gadelha e Erich Decat - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Dono da terceira maior bancada da Câmara, com 49 deputados, o PP anunciou nesta quarta-feira, 6, que vai permanecer na base do governo até a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Casa. A decisão foi tomada após o Planalto entregar a diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) para o partido. Em outra frente, o governo nomeou um aliado do ex-presidente José Sarney (PMDB) que hoje é filiado ao PROS.
O PP espera ainda mais nomeações para o segundo e terceiro escalão do governo Dilma, principalmente para o Banco do Nordeste (BNB) e para a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
O posicionamento pró-Dilma foi defendido nesta quarta-feira pelo presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PP-PI). “Não vamos mais discutir rompimento com o governo até a votação do impeachment”, anunciou.
A decisão, porém, não é unânime e veio após deputados pró-impeachment pedirem o cancelamento da reunião da bancada, que aconteceria na tarde desta quarta-feira.
Segundo Ciro, a ala oposicionista verificou que não teria maioria e passou a exigir uma decisão do diretório. Os oposicionistas cancelaram a reunião, abrindo caminho para que o presidente do PP anunciasse a permanência no governo. “Caíram na armadilha deles mesmos”, teria dito Nogueira a interlocutores.
De acordo com o presidente do PP, dos 57 deputados e senadores do partido, mais de 40 queriam permanecer no governo. “Se tivessem número para desembarcar hoje (quarta-feira), a reunião teria acontecido.”
O presidente do PP fez uma analogia com o desembarque anunciado pelo PMDB, que no dia seguinte à decisão foi boicotado por seis dos sete ministros do partido e acabou visto como “tiro no pé”. “Eles cometeram o mesmo erro do PMDB”, disse Nogueira, em referência aos deputados pró-impeachment do PP.
Apesar da decisão de permanecer na base, Nogueira evitou falar sobre qual orientação dará para a votação de impeachment. “Ainda estamos discutindo se liberaremos o voto ou não. A tendência da maioria do partido é votar com a presidente Dilma”, disse. O presidente do PP negou que vá liberar a bancada, mas disse que os parlamentares pró-impeachment “não serão perseguidos”.
Sarney. O governo nomeou nesta quarta-feira, 6, o ex-deputado pelo Maranhão e ex-ministro do Turismo Gastão Vieira para a presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ele é ligado ao grupo de Sarney e hoje está filiado ao PROS, que tem seis deputados. O governo tenta mapear votos dos integrantes do PMDB que se mantém fiéis ao Planalto, mesmo após a decisão da sigla de romper com o PT.
Ao Estado, Vieira disse ter conversado com Sarney, mas que a negociação para o cargo foi feita com o presidente do PROS, Eurípedes Júnior, e com o líder da sigla na Câmara, Ronaldo Fonseca (DF).
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