• Presidente interino da CNA cobra pacto para País sair da crise e diz que Kátia Abreu se afastou do produtor rural
Victor Martins - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil se rebelou nesta quarta-feira, 6, contra uma de suas integrantes mais importantes e presidente licenciada, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB). Durante entrevista à imprensa convocada para comunicar o apoio formal ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o dirigente da entidade, João Martins, cobrou um pacto nacional pela recuperação do País. Ele afirmou que a ministra se afastou do “produtor rural ao continuar a defender um governo que a cada dia mais está se desintegrando”.
Martins comentou que a CNA preza pelo equilíbrio, mas disse que depois das declarações de movimentos sociais do campo, que defenderam a ocupação de terras, não havia mais condições de não ter uma posição clara. Na semana passada, o secretário de Administração e Finanças da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Aristides Santos convocou, em evento de assinatura de medidas de regularização fundiária, no Palácio do Planalto, “ocupações” de terras de parlamentares ruralistas, chamados por ele como a “bancada da bala” do Congresso, com forma de evitar o impeachment.
“Fomos surpreendidos com o evento no Palácio do Planalto em que se pregou a violência e, dias depois, o ministro da Justiça (Eugênio Aragão), em vez de recriminar, defendeu os movimentos como legítimos porque apoiam o governo”, afirmou o presidente interino da CNA. Ele acrescentou que o mercado interno está pouco demandado e isso tem afetado a produção agropecuária.
Durante parte da coletiva, Martins se esquivou de avaliar a permanência da ministra no governo, mas ao fim do evento, ele deixou claro a distância entre a CNA e Kátia Abreu. “Não posso dizer que ela abandonou o produtor, mas se distanciou do produtor rural ao continuar a defender um governo que a cada dia mais está se desintegrando.”
‘Respeito’. Kátia disse ao Estado que, embora não concorde, respeita a posição da CNA. “Embora não concorde, respeito a decisão da CNA, que é uma entidade de classe independente”, disse. Afirmou ainda que, como está licenciada da presidência da entidade, não pode interferir nas decisões da confederação.
No governo, a avaliação é de que as entidades que integram a CNA, que tentavam se manter neutras em meio a deterioração do cenário político, se viram pressionadas por suas bases.
Pode haver mais desgaste entre governo e ruralistas a depender do fechamento do Plano Safra. Com o caixa do Tesouro limitado, o governo tem ventilado que pode não ter dinheiro suficiente para manter os mesmos recursos subsidiados que colocou no projeto na última safra.
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