O vice Michel Temer, que assumirá a Presidência caso o impeachment da presidente Dilma seja aprovado, chamou de “jeitinho” a proposta de convocar novas eleições. Já para o presidente do Senado, Renan Calheiros, é uma “boa ideia” um plebiscito sobre a realização de eleições gerais.
Para Temer, convocar nova eleição contra crise é ‘ jeitinho’
• Vice, que assumirá se Dilma for afastada, diz que é preciso seguir Constituição
Eduardo Barretto, Carolina Brígido - O Globo
- BRASÍLIA- O vice-presidente Michel Temer criticou ontem a atitude de “arrumar um jeitinho” para solucionar crises políticas, ao se referir à proposta de novas eleições este ano — feita pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e avalizada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL) — e a outros “mecanismos” não previstos na Constituição. Temer também foi irônico quando se referiu ao ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF) Marco Aurélio Mello: disse que precisaria voltar ao primeiro ano da faculdade de Direito, após a liminar do ministro determinando que a Câmara dê prosseguimento a pedido de impeachment contra ele.
— Toda vez que acontece isso (crise política), é preciso arrumar um jeitinho, e precisamos sair do jeitinho. Temos que preservar nossas instituições — disse Temer, ao ser questionado sobre eventuais novas eleições ainda este ano.
Ao condenar o “jeitinho” como forma de superar a atual crise política, Temer negou que estivesse defendendo o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
— Não, isso eu não comento. Não comento nem uma coisa nem outra. Eu só disse que a Constituição prevê todos os mecanismos legais para solucionar qualquer impasse político e jurídico neste país — afirmou, frisando que é “obediente à ordem jurídica”.
Questionado a respeito da liminar de Marco Aurélio Mello sobre o pedido de impeachment contra ele, Temer se disse espantado.
— Eu apenas pensei quando li o despacho: “Bom, eu acho que tenho que voltar ao primeiro ano da faculdade de Direito para reaprender tudo”. Essa é a grande realidade. Eu confesso que digo isso porque isso me agride, digamos, profissional e moralmente — afirmou Temer. — No geral ele (Marco Aurélio) se comporta em obediência absoluta à ordem jurídica, e não à desordem jurídica.
Temer rebateu ainda as críticas que vem sofrendo de integrantes do governo e do ex-presidente Lula. Anteontem, o senador Romero Jucá (PMDB- RR), ao suceder a Temer na presidência do partido, afirmou que a troca no comando da sigla visava a proteger o vice- presidente de “briga de rua” com o PT.
— O que há é uma campanha nítida, eu estou dizendo muito claramente, uma campanha nítida deliberada para fazer aquilo que o senador Jucá, que hoje responde pelo partido, tem chamado de uma briga de rua. E eu não vou fazer briga de rua — disse Temer.
Cunha pede indicação de nomes para Comissão
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB- RJ), enviou ontem um ofício às lideranças dos partidos na Casa em que pede os nomes dos deputados indicados para compor a comissão especial que deve analisar o pedido de impeachment de Temer. As lideranças de PMDB, DEM e PPS já avisaram que não vão indicar os nomes. Segundo o vice- líder do PT na Câmara, Henrique Fontana ( PT- RS), o partido fará as indicações.
— Provavelmente amanhã estarão indicados os membros do PT — afirmou Fontana.
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