• Paes pede voto útil em Pedro Paulo, e Freixo apela a eleitores de centro
Prefeito defende que eleitores de Indio, Bolsonaro e Osorio apostem no candidato do PMDB para derrotar Crivella, que está virtualmente no segundo turno, mas prefere enfrentar o adversário do PSOL
A campanha no Rio chega à véspera da votação sem definição de quem enfrentará, pelas pesquisas, Marcelo Crivella (PRB) no segundo turno. Empatados com 10% cada, Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL) tentam conquistar eleitores de adversários convencendo-os de que são mais capazes de derrotar Crivella. O prefeito Eduardo Paes fez um apelo pelo chamado voto útil em Pedro Paulo: “O eleitor do Osorio, do Indio e do Bolsonaro vão entender que não dá para ter um segundo turno com Freixo e Crivella.” Já Freixo busca eleitores de centro.
De olho no voto do vizinho
• Eduardo Paes apela a eleitores de adversários; disputa por segundo lugar está indefinida
Fernanda Krakovics, Marco Grillo, Gustavo Schmitt e Miguel Caballero - O Globo
Em uma disputa acirrada para ir ao segundo turno nas eleições para a prefeitura do Rio, os candidatos do PMDB, Pedro Paulo, e do PSOL, Marcelo Freixo, apelam para o voto útil do eleitor, explorando vulnerabilidades um do outro às vésperas da votação em primeiro turno, amanhã. Pedro Paulo investe na falta de experiência administrativa do adversário do PSOL, enquanto Freixo ressalta escândalos de corrupção envolvendo o PMDB.
Ao lado do afilhado político Pedro Paulo ontem à tarde, o prefeito Eduardo Paes deu voz ao apelo:
— Vamos para o segundo turno com o bispo (Crivella). O eleitor do Osorio, do Indio e do Bolsonaro vão entender que não dá para ter um segundo turno com Freixo e Crivella. Aliás, o bispo sabe que ganhar do Freixo vai ser mole pra ele, por isso escolhe adversário — afirmou Paes.
O discurso foi reforçado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília:
— Se o Freixo for pro segundo turno, ganha o Crivella. Então acho que os eleitores dos bons candidatos do nosso campo, Osório, Índio e Bolsonaro, precisam entender que a gente não pode correr o risco de um segundo turno no qual o Crivella será eleito.
Segundo pesquisa Ibope divulgada na última quarta-feira, os dois têm 10% das intenções de voto. Embora numericamente à frente, eles estão tecnicamente empatados em segundo lugar, por causa da margem de erro, com Indio da Costa (PSD), Jandira Feghali (PCdoB), Flávio Bolsonaro (PSC) e Carlos Osorio (PSDB). Esses quatro também vão para as ruas hoje, em busca de votos, no último dia de campanha, confiantes de que poderão chegar ao segundo turno.
Na liderança isolada das pesquisas, o candidato Marcelo Crivella (PRB) tenta turbinar sua campanha, com a esperança de vencer as eleições já no primeiro turno. Ele sairá hoje em carreata com o senador Romário (PSB) por bairros das zonas Norte e Oeste.
A campanha de Crivella acredita que ele pode conquistar eleitores inclinados ao voto em branco e/ou nulo, que na última pesquisa Ibope atingiram 14%. Nesse levantamento, Crivella aparece com 34% das intenções de voto. Se considerados somente os votos válidos, o candidato tem 42%. Para vencer no primeiro turno são necessários mais de 50% dos votos válidos.
CRIVELLA PREFERE FREIXO
Crivella tem deixado nítida sua preferência por uma disputa com Freixo em um eventual segundo turno. No debate da TV Globo, anteontem, ele deu preferência a uma dobradinha com o candidato do PSOL para mirar no PMDB de Pedro Paulo. Alvo de ataques de peemedebistas nas últimas eleições, quando perdeu para prefeito e governador do Rio, Crivella quer evitar novo confronto com a máquina do PMDB.
— (A estratégia) mostra predileção por qualquer candidato que não seja do PMDB. O povo carioca já não suporta mais esse partido envolvido em todos os escândalos como protagonista, e também a maneira como se porta — disse Crivella, após o debate da TV Globo.
Nos bastidores, aliados do candidato do PRB avaliam que, em eventual segundo turno entre Crivella e Freixo, os partidos da coligação de Pedro Paulo teriam mais facilidade de compor com a sua candidatura. Embora a tendência seja Freixo ganhar o apoio dos outros candidatos de esquerda, pessoas próximas de Crivella dizem que ele trabalha para atrair votos de Jandira. O candidato do PRB tem adotado um tom ameno ao comentar as acusações de corrupção contra o expresidente Lula.
Pedro Paulo tenta convencer o eleitor de que é o único capaz de derrotar Crivella no segundo turno. Assim, tenta atrair votos sobretudo de Bolsonaro, Indio e Osorio. — As pesquisas têm mostrado que os votos mais fluidos são das candidaturas do Osorio, do Indio, do Molon. A candidatura mais consistente, em que o eleitor não troca de jeito nenhum o voto, é a minha. Isso está mostrando quem tem pé de barro na reta final e quem tem consistência e fôlego para chegar ao segundo turno para vencer o Bispo Crivella — disse Pedro Paulo, ao lado de Paes, em Santa Cruz, na Zona Oeste.
Pedro Paulo resolveu aumentar a exposição de Paes em sua campanha, com o objetivo de atrair mais eleitores que aprovam a atual administração municipal.
Já Freixo acredita que a alta taxa de rejeição a Pedro Paulo e um possível desgaste do PMDB, por causa de denúncias de corrupção e pela crise econômica do estado, possam render a ele o voto de indecisos e de outros candidatos em desvantagem nas pequisas, não apenas do campo de esquerda. É o que seus apoiadores têm chamado de “voto útil ético’.’
A avaliação no PSOL é que o voto útil da esquerda em Freixo tende a acontecer naturalmente e, por isso, a estratégia é focar na oposição a Pedro Paulo, tentando atingir um leque maior do eleitorado. Nessa linha, Freixo não citou, no debate da TV Globo, a bandeira do “Fora Temer’,’ buscando dialogar com eleitores que não estão no campo da esquerda.
— Uma parte considerável da cidade não quer um segundo turno entre Crivella e Pedro Paulo e isso pode pesar. Acho que eles (PMDB) vão botar muito dinheiro nessa reta final, para ver se na boca de urna conseguem nos superar — disse o candidato ontem, na Cadeg, em Benfica.
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