• Apesar de seu partido estar coligado à chapa de Pedro Paulo no Rio, vereador faz campanha só
Luciana Nunes Leal – O Estado de S. Paulo
/ RIO - Na lanchonete da Ilha do Governador, na zona norte do Rio, onde parou para tomar um café depois de caminhar distribuindo panfletos e conversando com eleitores, ontem de manhã, o vereador e ex-prefeito Cesar Maia (DEM) pergunta à atendente: “Já escolheu candidato a prefeito?” A moça responde que não. Em vez de citar o nome de um aliado, Maia responde: “Eu também, vou decidir no sábado (hoje). Quando vierem as pesquisas, vou sentir como estão os candidatos”
Apesar de o DEM estar na coligação do candidato do PMDB, Pedro Paulo, e de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu filho, ser um dedicado cabo eleitoral do peemedebista, Cesar Maia faz campanha apenas para si próprio.
O material de propaganda impresso, por exigência da lei, traz o nome da coligação, mas não há nenhuma menção, muitos menos foto, de Pedro Paulo, que disputa com cinco adversários uma vaga para o segundo turno, para enfrentar o líder nas pesquisas, o senador Marcelo Crivella (PRB).
Rodrigo Maia esperava pelo pai na lanchonete, “só para dar um abraço”. Já tinha participado de uma reunião de campanha de Pedro Paulo e seguiria para outro encontro. “Em primeiro lugar, meu pai autorizou a aliança com o PMDB. E o PMDB sempre soube que meu pai faria a campanha dele. O importante é que houve transparência e a gente falou a verdade o tempo todo”, disse o deputado.
Oposição. Na Câmara Municipal, Cesar Maia faz oposição ao prefeito Eduardo Paes (PMDB), padrinho político de Pedro Paulo. Entre os admiradores de Maia, muitos deles servidores da ativa e aposentados, estão eleitores de diferentes candidatos a prefeito. Além disso, o ex-prefeito se ressente do fato de que a campanha do PMDB aponta a transformação da cidade depois de 2009, primeiro ano do governo Paes, e faz comparações com a gestão anterior, de Maia, que governou de 2001 a 2008. Maia também foi prefeito do Rio entre 1993 e 1996.
“Eles poderiam dizer ‘nos últimos anos’, mas comparam com 2008. Citam dados mentirosos. Como vou fazer campanha? Sei que o Eduardo Paes é contra isso, é decisão do marqueteiro. Pedro Paulo é leitor de teleprompter”, afirmou o vereador, terceiro mais votado nas eleições de 2012, com 44 mil votos. Pedro Paulo e o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, evitaram responder a Maia. “Cesar Maia é meu amigo”, disse Picciani.
Autorização. No material de Pedro Paulo, há panfletos com a foto dele junto a Cesar Maia, distribuídos em redutos eleitorais do ex-prefeito. “Não é da minha gráfica”, afirmou o vereador. Segundo Rodrigo, a propaganda impressa foi feita pela campanha de Pedro Paulo. “Cesar Maia autorizou o material casado dele com Pedro Paulo, não há problema”, disse Picciani.
Cesar Maia afirma que a coligação do DEM com o PMDB na capital fluminense não foi uma decisão isolada no Rio e envolve outras alianças, como o apoio dos peemedebistas à reeleição do prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM).
“Foi uma decisão tomada em Brasília. Não tenho uma candidatura do peito nem a favor nem contra. Rodrigo está na campanha de Pedro Paulo, não há nenhum constrangimento. Vou olhar as últimas pesquisas, depois do debate da TV Globo. Se Pedro Paulo afundou, a decisão é uma. Se se deu bem, é outra”, disse o ex-prefeito.
Na campanha de rua, Cesar Maia é discreto. Seguido por poucos assessores, se apresenta aos eleitores e conversa com os que se mostram receptivos. Sabe que o fato de uma pessoa receber o panfleto não é indicativo de apoio. “O eleitor está indeciso. Posso ter dois votos ou um milhão. Vou ficar em casa acompanhando”, disse Cesar Maia, sobre amanhã, dia de eleição.
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