Por Cristiano Zaia | Valor Econômico
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, procurou ontem minimizar possíveis divergências com os deputados, e disse ter traçado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), "uma estratégia de análise e decisão" dos próximos passos a ser tomados pela Casa para garantir novas votações de medidas cruciais ao ajuste fiscal. Os dois definiram um roteiro de votações a começar pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que trata da reforma da Previdência. As declarações foram dadas depois de um almoço na casa de Maia.
Na terça-feira, o plenário da Câmara aprovou o projeto de renegociação dos Estados sem as contrapartidas dos governos estaduais exigidas inicialmente pelo governo. E o próprio Maia chegou a declarar durante a votação que a Câmara não precisa dizer "amém" ao Ministério da Fazenda.
"Estamos sintonizados com os primeiros passos para assegurar ao Ministério da Fazenda condições de aprovar planos de recuperação dos Estados que sejam eficazes e que o presidente Michel Temer tenha a absoluta segurança de sancionar somente aqueles planos com viabilidade de recuperação fiscal", disse Meirelles.
Para o ministro da Fazenda, porém, é necessário que os governadores tenham em mente que o regime de recuperação fiscal dos Estados deve ser "eficaz" e capaz de permitir saúde financeira e ajuste de suas contas também.
Meirelles também disse ter acertado a estratégia de votação da reforma da Previdência com o presidente da Câmara, que segundo o próprio Maia deve ser aprovada até o fim de março. "Esperamos instalar a comissão da reforma da Previdência já na primeira semana de fevereiro e, na minha expectativa, até o final de março a Câmara terá aprovado a PEC e encaminhado ao Senado", afirmou Maia.
Maia, por sua vez, também mudou o tom de seu discurso e preferiu falar que a Câmara se compromete com o ajuste fiscal, apesar de ter aprovado o projeto de renegociação das dívidas estaduais como o governo não pretendia. Ele almoçou com Meirelles, acompanhado dos deputados Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara, e de Alexandre Baldy (PTN-GO). O ministro da Fazenda também levou ao encontro o secretário-executivo do ministério, Eduardo Refinetti Guardia, e a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi.
"A gente tem que ter tranquilidade para ajudar os governadores, mas de forma nenhuma abrir mão de algo que para mim é fundamental que é a garantia do equilíbrio fiscal que está sendo conduzido pelo presidente Temer", acrescentou Maia.
Meirelles ainda disse acreditar que a economia brasileira começará a dar sinais mais claros de recuperação ao fim do primeiro trimestre de 2017 e que essa tendência inclusive já vem se desenhando. Ele citou um indicador que mostra a criação de empregos em São Paulo e citou que, ao fim de março, "a situação do Brasil será outra": "Acertamos com o presidente Maia uma agenda produtiva para o país e voltada em última análise para promover o ajuste fiscal do Brasil, que vai levar ao aumento da possibilidade de termos uma recuperação rápida do crescimento econômico já no ano que vem."
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