Para qualquer um que tente elencar os motivos do vagaroso crescimento econômico do país nas últimas décadas, dificilmente será possível ignorar nossa baixa taxa de poupança.
Atualmente, os brasileiros poupam –deixam de direcionar ao consumo– apenas 15% de sua renda, como mostram os dados do Produto Interno Bruto.
Entre os emergentes, a média, puxada para cima pela China e por outros asiáticos, é de 32%. Mesmo na América Latina, região propensa ao consumo, a taxa fica pouco acima dos 20% em países como México, Chile, Colômbia e Peru.
É para tais patamares que o Brasil deve caminhar se quiser dispor de recursos para financiar investimentos, ou seja, ampliar sua capacidade de produzir e gerar renda de forma duradoura.
Se a escassez da poupança nacional não deixa margem a dúvidas, menos evidentes são suas causas e os meios de superá-la. Decerto que a gestão imprudente das finanças públicas contribui decisivamente para o fenômeno; entretanto as famílias parecem desempenhar papel também importante.
A disposição dos indivíduos para economizar se mostra reduzida, como indica estudo do professor Ricardo Brito, do Insper, a partir de levantamento do Datafolha.
De acordo com o trabalho, o grau de paciência –calculado a partir de perguntas que comparam valores monetários presentes e futuros– dos brasileiros se encontra entre os menores do mundo, marcando menos da metade do verificado, em média, na América Latina.
Além disso, segundo o Datafolha, 65% não guardam dinheiro para o futuro. Pior, apenas 4% separam recursos para a aposentadoria, segundo aferição do Banco Mundial. Entre os 143 países da amostra, só 11 estão abaixo do Brasil.
Em parte, tal comportamento pode estar relacionado à falta de incentivos. Em outro estudo, Ricardo Brito e Paulo Minari mostram que nosso regime previdenciário permite que a grande maioria da população mantenha seu padrão de vida na aposentadoria.
Merece atenção, ainda, a baixa escolaridade. Em 2015, os estudantes brasileiros tiveram o pior desempenho em prova de conhecimentos financeiros –entre jovens procedentes de 15 países– no Pisa, exame global que mede a capacidade de raciocínio.
O tema já preocupa as autoridades econômicas, ainda mais num momento em que o crédito bancário parece voltar a crescer.
Aumentar o nível de poupança do país é desafio que demanda amplo leque de medidas, com foco no longo prazo. Nesse sentido, há reformas de peso pela frente, a começar pela da Previdência.
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