Expectativa
de impunidade no caso da PF ajuda presidente a evitar riscos e desarmar
holofote para Sergio Moro
Em
silêncio, Jair Bolsonaro disse muito. O presidente avisou ao Supremo que não
vai prestar depoimento no inquérito aberto para apurar suas tentativas
de interferência no comando da Polícia Federal. A intromissão foi registrada em
gravações e declarações públicas, mas ele sugere ter motivos para não se
preocupar com a investigação.
Há sete meses, Bolsonaro estava emparedado pelas acusações feita pelo ex-ministro Sergio Moro. O presidente se enrolou nas explicações, admitiu que gostaria de trocar a chefia da PF no Rio por interesse de seu grupo político e indicou que a mudança tinha relação com aliados sob investigação no STF.
Depois
de se beneficiar de uma aliança com Moro, Bolsonaro trabalhou para deteriorar a
imagem do ex-juiz. O governo percebeu o perigo daquele episódio e reagiu
apavorado –ao ponto de lançar
uma ameaça nada velada de golpe de Estado para responder a uma decisão
processual burocrática sobre um pedido de apreensão do celular do presidente.
Bolsonaro
saiu das cordas porque conseguiu fazer com que o caso esfriasse. As acusações
perderam destaque com o avanço da pandemia, e a coalizão forjada no Congresso
deu a impressão de que o
governo estava protegido de tumultos políticos.
No
campo judicial, o inquérito foi engolido por discussões sobre a forma do
depoimento do presidente: escrito ou presencial. Ele fingiu espernear e acusou
o STF de tratamento injusto. O tribunal não tomou uma decisão final, mas o
advogado-geral da União mandou avisar que Bolsonaro decidiu “declinar do meio
de defesa que lhe foi oportunizado”.
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