A
entropia, definida como a medida de desorganização de um sistema, é uma força
poderosa. No longo prazo (algo como 10100 anos), ela levará à morte
térmica do Universo, mas produz, desde já, um argumento bacana contra a
existência de Deus (cf. Bertrand Russell).
Em
escalas de tempo mais compatíveis com as percepções humanas, a entropia não se
mostra tão inexoravelmente fatal, mas ainda é capaz de gerar estragos
consideráveis.
O
governo do presidente Jair Bolsonaro está entre os mais entrópicos de todos os
tempos no Brasil. Seu nível de desorganização é preocupante e já afeta outros
sistemas, como a economia e a saúde.
A incapacidade do Ministério da Economia de até sinalizar convincentemente sobre seus próximos passos está agravando a precária situação fiscal do país. Vai ficando cada vez mais complicado rolar a dívida pública, o que pode afetar a relativa estabilidade da inflação e outros indicadores.
Na
saúde o quadro é ainda mais desolador. A inépcia do governo para dar destinação
a verbas já autorizadas e produtos já adquiridos compromete nossa capacidade de
resposta à pandemia. Pior, embora a vacinação em massa já esteja no horizonte,
o país ainda não tem plano para implementá-la.
É
claro que um plano detalhado depende de uma definição, por ora inexistente, de
quantas doses de quais tipos de imunizantes nós disporemos e do calendário de
entrega. Mas o Ministério da Saúde, conduzido por um suposto especialista em
logística, ainda não apresentou nem um esboço de plano nem se veem ações
assertivas para a aquisição de insumos como seringas e agulhas.
Uma outra forma de descrever a tendência ao aumento da entropia é lembrar que ela triunfará porque existem muito mais maneiras de destruir as coisas do que de construí-las. Minha impressão é que o projeto de Bolsonaro é fazer com que experimentemos cada um desses quase infinitos modos de destruição.
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