Folha de S. Paulo
Governo e aliados dizem que salvaram país
do caos, mas instabilidade é uma rotina na atual gestão
Em clima eleitoral, o presidente Jair
Bolsonaro e representantes de seu governo passaram os últimos dias reforçando
o discurso de que o Brasil foi salvo do caos quando a atual gestão assumiu.
Se a proposta bolsonarista é garantir
estabilidade ao país, algo na estratégia está dando muito errado. A última
semana é ilustrativa.
Caiu o terceiro ministro da Educação. Milton Ribeiro foi acusado de dar guarida a pastores que pediam a prefeitos pixulecos, até em ouro e bíblias, para liberar dinheiro público da educação. Gravação conseguida pela Folha mostrou o ministro falando com clareza que o privilégio concedido aos emissários de Deus em sua pasta atendia a pedido do próprio Bolsonaro.
Caiu
o segundo presidente da Petrobras. Para o seu lugar foi indicado um
consultor que ficou conhecido por defender o indefensável, o compromisso de o
governo (leia-se todos os consumidores de luz do país) pagar
pelo uso de térmicas a gás onde não há gás ou linha de transmissão para tirar a
energia. A criação da infraestrutura vai custar bilhões à população para
favorecer grupos da iniciativa privada.
Tivemos, não um, mas dois cala
boca.
No sábado, o PL pediu, e um juiz Tribunal
Superior Eleitoral aceitou, impedir
manifestações contra Bolsonaro e pró-Lula na versão brasileira do Lollapalooza,
um festival conhecido por receber as bandas mais pops do planeta.
No
ato de censura explícita, tentaram encaixar a mega produção na
categoria de showmício, como se Pabllo Vittar, os roqueiros do Fresno, o rapper
Emicida, a britânica Marina e americana Miley Cyrus, só para citar alguns que
protestaram, estivessem no palco a serviço de partidos políticos.
Na quinta, 31 de março, foi a vez de
Bolsonaro. Defendeu a ditadura, que completava 58 anos, e mandou uma nova
indireta aos ministros do Supremo Tribunal Federal. "Que alguns poucos não
nos atrapalhem. Se
não tem ideias, cala a boca. Bota a tua toga e fica aí. Não vem encher o
saco dos outros."
Quanto tempo o Brasil suportará ser salvo
pelo bolsonarismo?
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