Juliana Braga
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reconheceu ontem a tensão entre o governo e os movimentos sem terra. Em entrevista no programa Bom Dia Ministro, Gilberto admitiu um baixo número de novos assentamentos devido a um freio dado pelo governo no processo de reforma agrária. Segundo ele, existem hoje assentamentos que são “favelas rurais”, e a finalidade é que as famílias beneficiadas não dependam do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para sobreviver.
“Há realmente uma tensão entre os movimentos de trabalhadores rurais e o governo, uma vez que os movimentos nos criticam pelo baixo índice de assentados nos últimos dois, três anos, final do governo Lula, início do governo da presidente Dilma (Rousseff)”, relatou.
Os dados do Incra mostram que, de fato, houve uma forte desaceleração na quantidade de novos assentamentos no país. Em 2003, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o comando do país, 36 mil famílias foram assentadas. Nesses 10 anos, o ápice ocorreu em 2006, quando 136 mil famílias tiveram acesso à terra. No segundo ano do governo Dilma, somente 23 mil famílias foram beneficiadas.
Segundo o ministro, esse “freio” foi um pedido da presidente para se pensar em uma política que garantisse, além da terra, meios de produção. “Não adianta a gente cometer a irresponsabilidade de distribuir muita terra e não permitir que o agricultor encontre uma forma de sobreviver”, explicou. “É real e, infelizmente, verdadeiro que no Brasil há muitos assentamentos que se transformaram quase que em favelas rurais”, completou o ministro.
Financiamento
Nesse raciocínio, detalhou Carvalho, foi criado o programa Terra Forte, que disponibilizou R$ 600 milhões para financiamentos com o intuito de industrializar os assentamentos. Na última segunda-feira, Dilma Rousseff esteve no Paraná para inaugurar uma unidade industrial de beneficiamento de leite e derivados no assentamento Dorcelina Folador. “Era uma fazenda que era uma produção de sementes e havia, em 700 hectares, cinco trabalhadores. Hoje lá estão 92 famílias trabalhando, em torno de 400 pessoas e, mais do que isso, beneficiando, com sua ação, todo um raio da região de agricultores familiares”, explicou Gilberto Carvalho.
Fonte: Correio Braziliense
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