Aprovação da gestão registrou queda de 24 pontos e caiu de55% para 31%
Reprovação ao estilo da presidente governar era de 25%, e agora subiu para 49%
Flávia Pierry, Isabel Braga
BRASÍLIA - A aprovação do governo Dilma Rousseff caiu 24 pontos, de acordo com pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), feita em parceria com o Ibope. No levantamento anterior, de junho, 55% dos entrevistados avaliaram o governo positivamente, fatia que caiu para 31% em dados divulgados nesta quinta-feira. Por estado, Dilma recebeu a pior avaliação no Rio de Janeiro, justamente a unidade da federação em que a atual presidente mais recebeu votos no 2º turno das eleições de 2010, quando obteve 60,5% (4,9 milhões de votos) no terceiro maior colégio eleitoral do país.
A aprovação do governo Dilma no estado é de apenas 19% (com respostas ótimo ou bom). Já o jeito de governar da presidente teve 38% de avaliações positivas no Rio de Janeiro, a quarta mais baixa. No caso da confiança na presidente, a pesquisa aponta que 38% dos fluminenses confiam em Dilma.
Além disso, cresceu a fatia de pessoas que consideram o governo ruim ou péssimo, passando de 13% das respostas em junho para 31% hoje. Outros 37% consideram o governo regular. Os dados do levantamento são afetados pelas manifestações e protestos que ocorrem em todo o país desde junho. A pesquisa anterior da CNI foi feita antes do começo dos protestos.
A avaliação pessoal da presidente também piorou. No levantamento anterior, 71% aprovavam o jeito de Dilma governar, agora esse dado caiu para 45%. Os que desaprovavam a presidente eram 25%, e agora esse número subiu para 49%.
A popularidade de Dilma é maior nos estados das regiões Nordeste e Norte/Centro-Oeste (elas aparecem juntas na pesquisa), com aprovação de 43% dos entrevistados. A menor popularidade é vista no Sudeste, com avaliação "bom ou ótimo" de 24% dos entrevistados.
Segundo a pesquisa, a aprovação do jeito de governar é maior no Nordeste (58%) e a mais baixa no Sudeste (aprovado por 37%). Além disso, 56% confiam na presidente no Nordeste, ao passo que do outro lado do espectro, no Sudeste, 37% confiam em Dilma.
O gerente-executivo da unidade de pesquisas da CNI, Renato Fonseca, afirma que a presidente ainda pode conseguir recuperar sua popularidade, mas que isso vai depender do que acontecer daqui para frente, em especial na educação.
— Recuperar é possível, até porque a queda neste mês foi muito influenciada pelas manifestações. É possível subir, mas não acredito que ao nível anterior. Vai depender da economia, do crescimento, do emprego. A indústria já está mostrando tendência de queda do emprego. Se a inflação continuar corroendo os salários, isso vai atingir a avaliação da presidente — disse Fonseca.
Pesquisa confirma queda após protestos
Esta é a quarta pesquisa, divulgada num intervalo de um mês, que aponta queda na popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff ou ainda recuo nas intenções de voto. No último dia 29 de junho, três semanas após o início dos protestos que ganharam as ruas do país, o Datafolha apontou que a porcentagem dos que consideravam sua gestão boa ou ótima foi de 57% para 30%.
Já no levantamento do Ibope da semana passada, e divulgado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Dilma perdeu 28 pontos nas intenções de voto e viu sua popularidade cair de 58% para 30%. No mesmo cenário de disputa, Lula alcançaria 41%.
Já na pesquisa do Instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada no último dia 16 de julho, a popularidade do governo da presidente que era de 54,2% despencou para 31,3%.
Manifestações nas ruas
As manifestações foram avaliadas pela pesquisa, que aponta que apenas 9% dos entrevistados estiveram nos protestos. Porém, 89% são favoráveis a eles. Mais de 30% dos entrevistados reprovaram as respostas dadas pelos governantes e pelo Congresso aos protestos, apontou a pesquisa. A maior desaprovação foi dada às medidas adotadas pela Câmara, com 39% dos entrevistados avaliando negativamente, seguida pelas adotadas pelo Senado, desaprovadas por 37%. As medidas anunciadas por Dilma foram avaliadas negativamente por 31% das pessoas, sendo que a nota média dada à presidente foi de 4,0, em uma escala de 0 a dez.
As manifestações marcam o governo. Questionados sobre as notícias que mais marcam a gestão de Dilma, 63% dos entrevistados citaram as manifestações; 33% lembraram de notícias sobre as respostas do governo ou do Congresso para atender as demandas das ruas. Apenas 8% dos entrevistados lembraram da reforma política. A presidente Dilma sugeriu, no conjunto das medidas para a crise, consultar a população sobre a reforma política por meio de um plebiscito.
Saúde é área com pior desempenho
De acordo com a pesquisa, a saúde é a área do governo que registra o pior desempenho, sendo citada por 71% dos entrevistados. Uma das respostas dadas pela presidente Dilma às manifestações das ruas para essa área foi a criação do programa Mais Médicos, que tem medidas de levar médicos para o interior do país.
Em seguida, o pior desempenho do governo é apontado na área de segurança pública/violência, por 40% dos entrevistados. Educação vem em terceiro, com 37% das respostas.
O programa Minha Casa Minha Vida repercute positivamente na população. A área com melhor desempenho no governo Dilma é a habitação, indicada por 28% dos entrevistados. As ações de combate à fome e à miséria foram apontadas por 23% dos entrevistados
Segundo a CNI, a pesquisa foi feita entre 9 e 12 de julho, com 7.686 pessoas com mais de 16 anos de idade, em 434 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Fonte: O Globo
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