Alexandre Baldy toma posse amanhã no Ministério das Cidades; Marun pode assumir articulação política
Leticia Fernandes, Eduardo Barretto e Cristiane Jungblut / O Globo
- BRASÍLIA- A um mês do fim do ano legislativo, o governo do presidente Michel Temer corre para tentar encerrar a primeira fase da reforma ministerial até amanhã, data prevista para a posse do deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO) no Ministério das Cidades. A cerimônia vai ocorrer no Palácio do Planalto.
Apesar de interlocutores de Temer afirmarem que o presidente ainda não decidiu o sucessor do ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy ( PSDB), responsável pela articulação política — cargo que deve voltar às mãos do PMDB —, auxiliares do presidente admitem que seria um “trunfo” se Temer anunciasse o novo titular da pasta até amanhã à noite. O presidente vai receber parlamentares da base aliada em um jantar no Palácio da Alvorada, e o assunto principal será a reforma da Previdência.
Afinado com o Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia ( DEM- RJ), quer votar o primeiro turno da reforma no dia 6 de dezembro. Para isso, dizem governistas, será preciso que toda a base esteja afinada, e o anúncio do sucessor de Imbassahy poderia dar o incentivo necessário.
— O presidente quer ter um jantar forte na quarta- feira, com a base consolidada e tranquila. Anunciar o substituto do Imbassahy daria essa tranquilidade — afirmou um interlocutor de Temer.
Para completar a primeira fase da reforma ministerial, o núcleo duro de Temer queria, para a Secretaria de Governo, um nome de confiança e, idealmente, que não viesse do Congresso. A aposta era o exdeputado João Henrique Sousa, do PMDB do Piauí, amigo de Temer e dos ministros Eliseu Padilha ( Casa Civil) e Moreira Franco ( Secretaria- Geral). A indicação, no entanto, deve ficar a cargo do líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi ( SP), que trabalha por um deputado no cargo. Carlos Marun ( PMDB- MS), um dos principais defensores de Temer e do ex- deputado Eduardo Cunha, é o mais cotado para a vaga e é considerado “ótimo nome” no Planalto. Pesa contra ele o fato de querer disputar as eleições no ano que vem.
“MAIS IMPORTANTE”
Já o deputado mineiro Mauro Lopes (PMDB), também defendido pelos peemedebistas, está descartado, segundo assessores próximos de Temer. Um dos motivos para que o Planalto torça o nariz para Lopes é o fato de ter sido nomeado ministro da ex-presidente Dilma Rousseff um mês antes de a petista sofrer o impeachment na Câmara dos Deputados, em 2016. Três dias depois de deixar a pasta da Aviação Civil, votou a favor do impedimento de Dilma. Para governistas, a atitude demonstra um “comportamento ambíguo”.
Satisfeito com a escolha de Baldy, Rodrigo Maia disse ontem, em Porto Alegre, que o Ministério das Cidades é “talvez a pasta mais importante”. Temer quis agradar a Maia com a escolha: Baldy costuma frequentar a residência oficial da Câmara e tem bom trânsito junto aos partidos do centrão — os mais refratários à votação da Previdência. O presidente da Câmara reafirmou que é preciso aprovar a reforma, mas admitiu que ainda não há votos para isso:
— A gente precisa aprovar a reforma da Previdência neste ano. Mesmo com toda a falta de votos que temos hoje, assumo toda a responsabilidade ( para tentar aprová- la). Essa reforma é muito leve.
Animado com a escolha, Baldy se antecipou ao próprio Palácio do Planalto e disparou, via WhatsApp, na noite de ontem, um link com data e hora de sua posse. Na mensagem, também há um link para o credenciamento de jornalistas, o que ainda não está sequer ativo no site oficial do Planalto.
Apesar de a escolha ser dada como certa, o governo ainda não confirmou, por meios oficiais, a nomeação do deputado. A praxe é que a própria assessoria de imprensa do Planalto divulgue aos jornalistas as informações sobre cerimônias de posses de ministros.
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