- Folha de S. Paulo
Economia patina, mas presidente age como gerente de marketing e agente de viagens
Em sua última transmissão nas redes sociais, Jair Bolsonaro contou queaprendeu a consertar geladeiras quando era tenente do Exército. O ofício não tinha relação com a carreira militar, mas ele fez o curso porque não queria pagar um técnico para fazer o serviço.
No governo, o presidente também tenta resolver por conta própria questões laterais e corriqueiras. A diferença é que, agora, ele quer fazer a manutenção dos eletrodomésticos enquanto a casa pega fogo.
Bolsonaro patina diante do desafio de retomar o crescimento econômico e não consegue aprovar seus projetos no Congresso, mas prefere trabalhar como gerente de marketing, fiscal escolar e agente de viagens.
Nos últimos dias, o presidente resolveu procurar encrenca numa propaganda encomendada pelo Banco do Brasil. O vídeo de 30 segundos pretendia atrair correntistas jovens e usava um elenco que representava a diversidade racial e sexual.
Por uma razão qualquer, Bolsonaro não gostou do vídeo. De acordo com o jornal O Globo, ele mandou engavetar a campanha e pediu a cabeça do diretor de comunicação do banco. É difícil entender por que o chefe do Executivo se ocupa da avaliação de um comercial e da demissão de um funcionário de terceiro escalão.
O presidente também quer dar palpites no turismo. Em um café com jornalistas, ele disse que o Brasil não deve ser considerado um destino gay. “Quem quiser vir aqui fazer sexo com mulher, fique à vontade”, incentivou, segundo relato da revista Crusoé. Resta descobrir quem vai fiscalizar a rotina dos viajantes.
Bolsonaro ainda visitou nesta quinta (25) o novo ministro da Educação. A principal orientação do presidente foi um pedido de corte no financiamento de escolas do MST. Nem parece que o setor ficou parado por quase cem dias devido à inabilidade completa do chefe anterior da pasta.
Na semana em que tudo isso aconteceu, o país registrou o fechamento de 43 mil vagas de emprego. O mercado reduziu a projeção de crescimento do PIB pela oitava vez seguida.
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