quarta-feira, 26 de junho de 2024

Martin Wolf - A tolice dos plutocratas pró-Trump

Valor Econômico

Retorno de Trump é um risco que ninguém deveria querer correr

Muitos bilionários e empresários apoiam Donald Trump. Isso não é surpresa. Ele seria bom para os lucros, acreditam eles. Ele promete impostos mais baixos e menos regulamentação. Alguns, como Jamie Dimon, do JP Morgan, têm argumentado que algumas das políticas dele - os cortes nos impostos e o rigor contra a China e os aliados que querem se aproveitar dos Estados Unidos, por exemplo - não foram disparatadas. Além disso, em contraste com a maioria dos democratas, Trump e o Partido Republicano gostam das empresas e dos empresários. Por que eles não deveriam apoiá-lo em troca?

Isso não faz muito sentido, mesmo se analisado de forma bem rasteira. Quando no governo, os democratas têm sido frequentemente bons para os negócios. A crise financeira mundial de 2007-09 ocorreu sob um governo republicano. O mercado de ações tem decolado (e desabado) sob democratas e republicanos. O mesmo tem acontecido com a participação dos lucros no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. A confiança no governo desmoronou nos anos 1960 e, desde então, tem aumentado e diminuído sob ambos os partidos.

Além disso, as preferências de política econômica de Trump são, sem dúvida, perigosas nas circunstâncias atuais. Ele não entende o valor de um banco central independente e despreza políticas monetárias contracionistas. Ele promete reduzir impostos, embora os déficits e a dívida estejam em um caminho perigoso. Ele planeja lançar uma guerra comercial contra o mundo, não apenas contra a China. Ele até sugeriu que as tarifas poderiam substituir o imposto de renda. Será que isso poderia funcionar? Como declara um blog do centro de estudos Peterson Institute for International Economics: “Em termos simples, não. As tarifas são cobradas sobre bens importados, que totalizaram US$ 3,1 trilhões em 2023. O imposto de renda é cobrado sobre rendas, que superam os US$ 20 trilhões; o governo dos EUA arrecada cerca de US$ 2 trilhões em impostos de renda sobre pessoas físicas e jurídicas atualmente. É literalmente impossível que as tarifas substituam completamente os impostos de renda”.

Biden pode ser velho. Mas Trump é louco e, infelizmente, não é louco do tipo divertido: ele é perigosamente louco. Os instintos de Trump também são os de um ditador. Isso tem estado bastante claro desde que ele entrou na política. No entanto, desta vez, ao contrário de 2016, ele tem pessoas a seu redor com um programa para desmantelar o Estado e a constituição. Além disso, como argumenta Robert Kagan, em seu brilhante livro “Rebellion”, o perigo não é novo. Como ele explica em um podcast comigo, as ideias liberais têm sido combatidas ao longo da história da república, mais notavelmente na guerra civil. O carisma de Trump como líder, porém, faz com que esta vez seja especialmente perigosa.

A travessia do Rubicão ocorreu em 2020 e 2021, quando Trump não apenas negou ter perdido a eleição, mas atuou para reverter o resultado. Embora não tenha conseguido, seu partido agora apoia totalmente sua negação da eleição. Como notei anteriormente, sua capacidade de definir a verdade para seus seguidores é um exemplo de “führerprinzip” - a ideia de que o líder define a verdade. Os republicanos que negaram a mentira da eleição roubada foram descartados. As barreiras de proteção falharam: ele é o virtual candidato republicano e é bastante provável que seja reeleito como presidente.

E então? Trump já anunciou que o presidente está acima da lei, uma proposição que alguns membros da Suprema Corte parecem achar crível. Alguns líderes do partido também sustentam que ele não está sujeito à lei. Ele também assumiu o objetivo de vingança.

Um Executivo operando acima da lei pode fazer qualquer coisa. Uma vez que ele tenha nomes leais controlando as Forças Armadas, o FBI, os serviços de inteligência, o serviço de impostos e o Departamento de Justiça, ele pode fazer o que quiser com qualquer pessoa. Ele pode assediar, humilhar, falir e prender seus inimigos, como desejar. Quem vai impedi-lo? Só os muito corajosos tentariam.

Se Trump perder, ele certamente alegará, com apoio republicano, que venceu. Isso pode causar caos. Se Trump vencer, seus apoiadores começarão a limpeza do “Estado profundo”, com o que se quer dizer a limpeza daqueles que são leais à república, e não a Trump pessoalmente. A partir daí, muitas outras coisas podem acontecer, incluindo a prisão e expulsão de talvez até 11 milhões de imigrantes ilegais. Isso pode dividir o país de forma violenta e perigosa.

A reação da maioria dos empresários a esses temores provavelmente será que isso não passa de mero alarmismo. Trump está velho, dirão eles. Ele se sentirá justificado, não vingativo, e repousará tranquilamente em sua volta ao poder. Nada mudará muito em Washington. A majestade da lei permanecerá em grande parte intacta. As barreiras de proteção da república resistirão.

Precisamos fervorosamente esperar que esse ponto de vista esteja correto. No entanto, duas perguntas ainda ficam no ar. A primeira é se faz sentido correr o risco. E se o cenário negativo for ao menos parcialmente correto? Qual seria o possível lado positivo em troca desse risco? Sim, Biden está muito velho e, sim, o governo cometeu erros, mais notavelmente sobre a imigração. Está longe, entretanto, de ser uma catástrofe. A segunda pergunta é: o que o precedente implica? Suponha que Trump acabe sendo “cheio de som e fúria, e não signifique nada”. Esse seria o fim? A abertura para o autoritarismo que ele está tão ocupado em criar será fechada? Ou alguém mais tentaria atravessá-la?

Repúblicas liberais, governadas pela lei, sempre são frágeis. Mais do que pelas instituições, elas são protegidas pelos valores e pela coragem das pessoas que administram essas instituições e das que ocupam posições de influência na sociedade. Isso inclui os empresários. É natural acreditar que os jogos dos negócios ou da política são seguros. No entanto, ambos dependem das instituições do Estado. É ingênuo acreditar que sobreviveriam a todos os ataques.

Como argumentei em 2016, quando Trump surgiu pela primeira vez, os EUA são a república mais significativa desde o Império Romano. O fato de os EUA, com seu enorme tamanho e geografia segura, terem sido criados como uma república é a principal razão pela qual a democracia emergiu como um sistema político dominante após as grandes convulsões do século XX. Trump, no entanto, é um César americano. Seu retorno é um risco que ninguém deveria querer correr. (Tradução de Sabino Ahumada)

Um comentário:

Anônimo disse...

O presidente Biden não está só velho, Está gaga, Com grau bem forte de demência Vire mexe se perde se perde no auditório, Fala com a tia que morreu
Eu fico as vezes pensando quem é que está governando de fato Estados Unidos
ele vai perder a eleição pro Trump não adianta esse Chororó não, e o mundo não vai se acabar ao contrário o Trump vai ganhar e conseguir reerguer os Estados Unidos e com isso os países democráticos ocidentais hoje sufocado por políticas da esquerda incompetente autoritária