Merval Pereira
DEU EM O GLOBO
Hoje vou aproveitar o espaço da coluna para retomar uma prática do meu antecessor Marcio Moreira Alves e falar sobre coisas boas que acontecem no nosso país. Meu “domingo azul” homenageia duas entidades dedicadas a melhorar a qualidade de vida e a defender a cidadania de deficientes físicos, das quais sou conselheiro: a rede Sarah, a mais importante rede de hospitais especializados em aparelho locomotor e pesquisas neurológicas do país e uma das melhores do mundo, e o Instituto Brasileiro de Defesa de Pessoas Portadoras de Deficiência (IBDD). O primeiro inaugurou no Rio na sexta-feira o Centro Internacional Sarah de Neurorreabilitação e Neurociências. E o IBDD está comemorando dez anos de fundação como uma instituição de referência na área social e na conscientização da sociedade e do Estado em relação à cidadania das pessoas com deficiência.
Criada em Brasília, a rede Sarah se espalha por vários estados do país e instalou no Rio sua unidade mais avançada. O IBDD, a partir do sucesso do trabalho no Rio, se prepara para chegar a outras cidades através de uma rede de conhecimento para reproduzir sua metodologia.
O Centro Internacional será a unidade de referência da Rede Sarah para a neurorreabilitação, e também uma instituição de pesquisa em neurociência, com um programa de pós-doutorado para pesquisadores do Brasil e do exterior.
Já este ano, o Centro Internacional vai receber pesquisadores dos Estados Unidos, da Bélgica e da França.
O IBDD trabalha em três setores: direitos, trabalho e esportes, para atender o deficiente tanto no plano pessoal quanto no institucional, trabalhando por um aperfeiçoamento da legislação.
A nova unidade da Rede Sarah é destinada a programas de reabilitação para pessoas com problemas que afetam o sistema nervoso central, como acidente vascular cerebral, paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico, doença de Parkinson e Alzheimer.
Com 209 leitos, está preparada para atender gratuitamente a 20 mil pacientes/ mês.
O IBDD já atendeu, nesses dez anos, a 40 mil pessoas, tratando desde inserção profissional até defesa dos direitos e profissionalização.
Na área de esportes, tem resultados excelentes nas diversas paraolimpíadas que seus atletas disputaram, ganhando diversas medalhas de ouro.
Em ambos os casos, os aspectos humanos são mais valorizados do que a técnica ou o orçamento.
A historiadora Teresa Costa d’Amaral, idealizadora do IBDD, tem definições precisas de sua missão: — A consciência da cidadania usurpada, o entendimento da necessidade do uso dos caminhos legais existentes e a crença na imprescindível participação da sociedade para a construção de um Brasil mais justo me levaram a idealizar o IBDD e a fazer dele uma realidade.
— O desejo de contribuir decisivamente para construir um novo olhar sobre a inclusão social e a cidadania das pessoas com deficiência e o desafio de que pudéssemos tocar na vida de muitos brasileiros foram minha motivação para criar o IBDD.
— A participação na constr ução de um país menos desigual deu sentido à nossa existência e à nossa luta.
O médico Aloysio Campos da Paz, idealizador da Rede Sarah, baseia seu trabalho em diversas premissas humanísticas: — Criar uma rede de neurorreabilitação que entenda o ser humano como sujeito da ação e não como objeto sobre o qual se aplicam técnicas.
— Trabalhar para que cada pessoa seja tratada com base no seu potencial e não nas suas dificuldades.
— Vivenciar o trabalho multidisciplinar em saúde como um conjunto de conhecimentos, técnicas e atitudes unificadas, destinadas a gerar um processo de reabilitação humanístico.
— Transformar cada pessoa em agente de sua própria saúde.
— Atuar na sociedade para prevenir a incapacid a d e , c o m b a t e n d o , a o mesmo tempo, preconceitos quanto às limitações e diferenças, pois o que caracteriza a vida é a infinita variação da forma que no tempo muda.
— Desenvolver uma atitude crítica diante de modelos importados, sejam técnicas, sejam comportamentos, rejeitando a atitude passiva diante do consumismo e da imitação.
— Libertar-se da dependência tecnológica pela utilização do potencial criador de nossa cultura e pela geração de soluções adequadas às necessidades da população brasileira.
— Simplificar técnicas e procedimentos para adaptálos às necessidades reais das diferenças econômicas, sociais e culturais brasileiras; simplificação é a síntese crítica de sistemas e processos mais complexos: “não se simplifica aquilo que não se conhece”.
— Valorizar a iniciativa inovadora e a troca de experiências, no ensino e na pesquisa, estimulando a criatividade de pessoas e grupos, gerando conhecimento.
— Melhorar a qualidade dos serviços prestados a um número cada vez maior de cidadãos, através da eficiente aplicação dos recursos, e da continuada qualificação dos seus recursos humanos.
— Respeitar o patrimônio público, pois ele é o instrumento da construção de um país.
— Restituir ao cidadão brasileiro, com serviços qualificados de saúde e de reabilitação, os impostos que por ele foram pagos.
— Viver para a saúde e não sobreviver da doença.
DEU EM O GLOBO
Hoje vou aproveitar o espaço da coluna para retomar uma prática do meu antecessor Marcio Moreira Alves e falar sobre coisas boas que acontecem no nosso país. Meu “domingo azul” homenageia duas entidades dedicadas a melhorar a qualidade de vida e a defender a cidadania de deficientes físicos, das quais sou conselheiro: a rede Sarah, a mais importante rede de hospitais especializados em aparelho locomotor e pesquisas neurológicas do país e uma das melhores do mundo, e o Instituto Brasileiro de Defesa de Pessoas Portadoras de Deficiência (IBDD). O primeiro inaugurou no Rio na sexta-feira o Centro Internacional Sarah de Neurorreabilitação e Neurociências. E o IBDD está comemorando dez anos de fundação como uma instituição de referência na área social e na conscientização da sociedade e do Estado em relação à cidadania das pessoas com deficiência.
Criada em Brasília, a rede Sarah se espalha por vários estados do país e instalou no Rio sua unidade mais avançada. O IBDD, a partir do sucesso do trabalho no Rio, se prepara para chegar a outras cidades através de uma rede de conhecimento para reproduzir sua metodologia.
O Centro Internacional será a unidade de referência da Rede Sarah para a neurorreabilitação, e também uma instituição de pesquisa em neurociência, com um programa de pós-doutorado para pesquisadores do Brasil e do exterior.
Já este ano, o Centro Internacional vai receber pesquisadores dos Estados Unidos, da Bélgica e da França.
O IBDD trabalha em três setores: direitos, trabalho e esportes, para atender o deficiente tanto no plano pessoal quanto no institucional, trabalhando por um aperfeiçoamento da legislação.
A nova unidade da Rede Sarah é destinada a programas de reabilitação para pessoas com problemas que afetam o sistema nervoso central, como acidente vascular cerebral, paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico, doença de Parkinson e Alzheimer.
Com 209 leitos, está preparada para atender gratuitamente a 20 mil pacientes/ mês.
O IBDD já atendeu, nesses dez anos, a 40 mil pessoas, tratando desde inserção profissional até defesa dos direitos e profissionalização.
Na área de esportes, tem resultados excelentes nas diversas paraolimpíadas que seus atletas disputaram, ganhando diversas medalhas de ouro.
Em ambos os casos, os aspectos humanos são mais valorizados do que a técnica ou o orçamento.
A historiadora Teresa Costa d’Amaral, idealizadora do IBDD, tem definições precisas de sua missão: — A consciência da cidadania usurpada, o entendimento da necessidade do uso dos caminhos legais existentes e a crença na imprescindível participação da sociedade para a construção de um Brasil mais justo me levaram a idealizar o IBDD e a fazer dele uma realidade.
— O desejo de contribuir decisivamente para construir um novo olhar sobre a inclusão social e a cidadania das pessoas com deficiência e o desafio de que pudéssemos tocar na vida de muitos brasileiros foram minha motivação para criar o IBDD.
— A participação na constr ução de um país menos desigual deu sentido à nossa existência e à nossa luta.
O médico Aloysio Campos da Paz, idealizador da Rede Sarah, baseia seu trabalho em diversas premissas humanísticas: — Criar uma rede de neurorreabilitação que entenda o ser humano como sujeito da ação e não como objeto sobre o qual se aplicam técnicas.
— Trabalhar para que cada pessoa seja tratada com base no seu potencial e não nas suas dificuldades.
— Vivenciar o trabalho multidisciplinar em saúde como um conjunto de conhecimentos, técnicas e atitudes unificadas, destinadas a gerar um processo de reabilitação humanístico.
— Transformar cada pessoa em agente de sua própria saúde.
— Atuar na sociedade para prevenir a incapacid a d e , c o m b a t e n d o , a o mesmo tempo, preconceitos quanto às limitações e diferenças, pois o que caracteriza a vida é a infinita variação da forma que no tempo muda.
— Desenvolver uma atitude crítica diante de modelos importados, sejam técnicas, sejam comportamentos, rejeitando a atitude passiva diante do consumismo e da imitação.
— Libertar-se da dependência tecnológica pela utilização do potencial criador de nossa cultura e pela geração de soluções adequadas às necessidades da população brasileira.
— Simplificar técnicas e procedimentos para adaptálos às necessidades reais das diferenças econômicas, sociais e culturais brasileiras; simplificação é a síntese crítica de sistemas e processos mais complexos: “não se simplifica aquilo que não se conhece”.
— Valorizar a iniciativa inovadora e a troca de experiências, no ensino e na pesquisa, estimulando a criatividade de pessoas e grupos, gerando conhecimento.
— Melhorar a qualidade dos serviços prestados a um número cada vez maior de cidadãos, através da eficiente aplicação dos recursos, e da continuada qualificação dos seus recursos humanos.
— Respeitar o patrimônio público, pois ele é o instrumento da construção de um país.
— Restituir ao cidadão brasileiro, com serviços qualificados de saúde e de reabilitação, os impostos que por ele foram pagos.
— Viver para a saúde e não sobreviver da doença.
Bom domingo a todos.
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