Todo mundo achava que o PIB do terceiro
trimestre seria forte. Foi fraco. Os economistas erraram a previsão que era
boa, mas acertaram a ruim: os investimentos caíram pelo quinto trimestre
seguido. O Brasil pode crescer menos de 1% este ano e as contas para 2013 estão
sendo revistas para baixo. A queda da inflação foi muito menos intensa do que o
recuo da atividade.
O gráfico abaixo mostra a relação entre o
crescimento econômico e a inflação. Percebe-se que, enquanto a atividade
despencou, a inflação caiu, mas muito menos. E voltou a subir no último
trimestre. Como já dissemos aqui, o que mais impressiona na nossa economia é
que os juros caíram de 12,5% para 7,25% em um ano e, ainda assim, a engrenagem
não pegou. O estímulo não teve o efeito esperado. Ao mesmo tempo, o IPCA não
voltou ao centro da meta de 4,5%.
Embora a indústria tenha crescido 1,1% em
relação ao segundo trimestre, olhando para um período mais longo, ela está
jogando contra. Cai 0,9% em 12 meses e está também 0,9% menor do que no
terceiro trimestre de 2011. Os investimentos também não têm ajudado. Caem por
cinco trimestres seguidos e estão num nível 5,4% menor do que no terceiro
trimestre de 2011.
Tanto os consumidores quanto o governo já
gastaram demais nos últimos dois anos e estão mais contidos agora. O setor de
serviços ficou estagnado entre julho e setembro; isso explica em grande parte
porque os economistas erraram a conta do PIB. O setor de intermediação
financeira, ou seja, os bancos, sofreu com a inadimplência alta e os juros mais
baixos. Caiu 1,3% em relação ao segundo trimestre. Foi a primeira vez que isso
aconteceu desde 2008, logo após a crise financeira internacional.
O ano começou com projeções de crescimento de
3,4%, pelo mercado, e entre 4% e 5%, pelo governo. Vai acabar com um número
entre 0,5% e 1,5%. As estimativas para 2013 também estão caindo. A presidente
Dilma pode ter o crescimento mais fraco em início de governo desde a era do
real.
Estímulo e corte de juro não bastam
Tem crescido o coro dos que criticam a
condução da política econômica com foco no estímulo ao consumo. O que mais
chama a atenção de Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV
e ex-BC, nos dados do PIB é o número vermelho do investimento. Ele acha que
redução de juros e estímulos fiscais localizados não são suficientes para
resolver as questões estruturais que limitam o crescimento da economia.
- O problema vai além do cenário
internacional. É a própria estratégia de políticas domésticas. Não conseguimos
ainda criar o ambiente de negócios na área de infraestrutura que atraia o setor
privado de uma forma expressiva; pelo contrário, estamos gerando incertezas
institucionais - diz ele, citando as intervenções no setor elétrico e no de
petróleo.
Acredita que os instrumentos usados pelo
governo estão se esgotando e que, por isso, teremos que conviver com
crescimento baixo e inflação alta este ano e em 2013.
Fonte: O
Globo
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