sábado, 1 de dezembro de 2012

O Pibinho do Pibinho

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre decepcionou e registrou crescimento de apenas 0,6%, ou seja, metade do que previam os analistas. O investimento teve níveis muito baixos e o setor de serviços ficou estável. Em junho, o Credit Suisse divulgara uma projeção de crescimento de 1,5% para o período de julho a setembro. Na época, o ministro da Fazenda Guido Mantega disse que se tratava de uma "piada". Agora, crescer 1,5% virou sonho. Na melhor das hipóteses, bancos e consultorias preveem que a expansão será de 1%. O resultado já faz o governo estudar um pacote de bondades.

PIB decepciona e cresce só 0,6% no 3º tri

Serviços ficam estagnados e investimentos têm tombo de 2%, derrubando previsões para o ano para 1%

Cássia Almeida, Lucianne Carneiro e Carolina Jardim

A SURPRESA DO PIBINHO

A esperada recuperação da economia brasileira no terceiro trimestre não veio. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) foi de 0,6% no período, frente ao segundo trimestre, taxa que é metade do que os analistas de mercado previam. Ficou praticamente impossível alcançar expansão superior a 1% este ano. No segundo trimestre, a alta do PIB fora de 0,2%. Com isso, a economia caminha para fechar o ano no pior resultado desde a recessão de 2009, quando o PIB caiu 0,3%.

A estagnação do setor de serviços, que responde por 67% da atividade econômica, surpreendeu. A previsão era que o setor tivesse avanço de 1%. Frente ao terceiro trimestre de 2011, a alta foi de 0,9%. No ano, o país só cresceu 0,7% e, nos últimos quatro trimestres, 0,9%, informou ontem o IBGE.

- O setor de serviços foi afetado pela queda na intermediação financeira (de 1,3% frente ao segundo trimestre), causada pela inadimplência recorde, com o aumento da provisão dos bancos e uma queda importante do spread (diferença entre os juros pagos e os cobrados pelos bancos nas operações de crédito e da Taxa Selic (taxa básica de juros). Houve também queda nos transportes - disse Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais.

A queda de 6,5% nas importações e um leve avanço de 0,2% nas exportações ajudaram o PIB. Do ponto de vista contábil, um recuo nas importações leva a um aumento do PIB, porque significa que o país está produzindo mais internamente. A contribuição externa respondeu por quase metade da alta de 0,9% do PIB frente ao terceiro trimestre do ano passado:

- A contribuição externa salvou um pouco o resultado no trimestre. No período anterior, a contribuição havia sido negativa no mesmo montante - afirmou o economista Leonardo Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A coordenadora técnica do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Silvia Matos, vê um desafio para o governo:

- É um desafio o fato de, apesar de todos os estímulos, termos um crescimento tão fraco. O problema do Brasil é que há restrições de oferta.

Pelo lado da demanda, os investimentos decepcionaram e caíram 2%, tombo muito maior do que o previsto. Foi a quinta redução consecutiva na formação bruta de capital fixo, termômetro dos investimentos. Assim, a parcela do PIB destinada a aumentar a capacidade produtiva do país desabou de 20% no terceiro trimestre de 2011 para 18,7% agora, menor taxa desde 2007.

- O mundo está ruim, as soluções apresentadas aqui dentro estão trazendo volatilidade. A maneira de o empresário reagir a isso é não fazer nada - afirmou Fernando Montero, economista-chefe da Convenção Corretora.

Indústria e consumo em alta

A indústria, porém, teve recuperação. A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros fez o setor aumentar a produção em 1,1% ante o segundo trimestre. O consumo das famílias também aumentou acima da média da economia: 0,9%.

- Pode haver redução na demanda por mão de obra nos serviços, diminuindo a pressão salarial para a indústria, que pode voltar a se expandir e aumentar margem, voltando a investir - afirmou Paulo Levy, do Ipea.

No trimestre, a economia brasileira somou R$ 1,098,3 trilhões.

Fonte: O Globo

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