A polêmica em torno do primeiro leilão do pré-sal está quente e tem muito a ver com o posicionamento eleitoral das partes que polemizam. Para os defensores do governo foi um estrondoso sucesso, para os opositores um retumbante fracasso.
Ao consultar o dicionário descobrimos que leilão quer dizer: venda pública a quem oferecer o maior preço. Ou seja a essência do processo é buscar que haja vários interessados e que a disputa entre eles gere um valor maior para o bem leiloado. No caso do leilão do pré-sal houve um só ofertante e o preço ficou no mínimo estipulado. Conclusão, simples assim: o objetivo não foi cumprido.
Depois dos discursos com muitas promessas e da criação de muita expectativa de que a mudança do modelo de licitação, de concessão para partilha da produção, geraria resultados muitíssimo melhores, a montanha pariu um rato.
Independentemente dessa avaliação do resultado do leilão o que deveria causar muita preocupação é a existência de uma visão quase que unânime de que o petróleo e a dinâmica industrial gerada por sua exploração seriam a redenção da economia nacional e a salvação da Educação e da Saúde.
Sem desconhecer o enorme valor econômico da indústria do petróleo há que se reconhecer que hoje esse tipo de atividade e esse tipo de fonte energética está em acelerado e franco processo de obsolescência, seja pelo risco que trás ao equilíbrio ambiental do planeta, seja pelo esgotamento físico das reservas exploráveis.
O petróleo, diferentemente do que representava nos tempos de Monteiro Lobato, não tem mais tanto caráter estratégico para o desenvolvimento econômico e a simples, e ainda meramente retórica, transferência de parte dos lucros futuros de sua exploração para a Educação não garante por si só bases para o desenvolvimento nacional.
Enquanto isso, deitados em berço esplêndido na bacia do pré-sal, trata-se subalternamente o investimento em fontes alternativas de energia, a exemplo do sucateado pro-álcool. Assim como são relegados a intervenções e preocupações secundárias a pesquisa da diversidade biológica da Amazônia e seu aproveitamento econômico, o desenvolvimento de novos materiais, o incentivo ao setor de serviços inovadores de alta tecnologia, bem como em outras áreas do conhecimento, da produção e de serviços que realmente estejam em sincronia com os novos tempos e com perspectivas de futuro.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, dirigente do Partido Popular Socialista (PPS) de Taubaté e do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@gmail.com
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