Programa híbrido de Campos e Marina reconhecerá avanços dos governos do PSDB e PT, mas proporá 'fim de ciclo'
Dupla recém-aliada apresenta amanhã documento que será base para a campanha presidencial de 2014
Ranier Bragon e Paulo Gama
BRASÍLIA, SÃO PAULO - No ato que realizarão amanhã na zona oeste de São Paulo, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-senadora Marina Silva devem chancelar documento em que reconhecem as "conquistas" dos últimos anos, mas pregam a necessidade de avançar de uma "maneira diferente".
Selada no dia 5, a aliança entre os dois realizará o primeiro encontro para discutir um programa comum para PSB, partido de Campos, e Rede, sigla que Marina não conseguiu criar a tempo de disputar o Planalto em 2014.
O documento conjunto repetirá discurso dos dois políticos de que tanto a gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) quando a de Lula (2003-2010) trouxeram ganhos para o país, mas que o modelo atual de se fazer política não é o mais adequado para assegurar avanços.
Pelo texto, é preciso um "planejamento estratégico de longo prazo" --outro bordão usado por Marina--, não só limitado ao atual governo.
O documento de referência deve ser dividido em três eixos: a manutenção das conquistas passadas--estabilidade econômica e inclusão social--, a necessidade de novas práticas na política e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Uma das intenções é combater a crítica de que Marina seria uma política limitada à atuação ambiental, afirmando que o desenvolvimento que a dupla defende não se restringe à ecologia, mas abrange os campos econômico, social, ético e cultural.
O ato, com cerca de 120 pessoas, terá grupos de discussão, participação de militantes pela internet, e o que os organizadores chamam de "falas inspiradoras", da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina e do cineasta Silvio Tendler, entre outros.
Ao final, devem ser apontados "cinco grandes desafios para o Brasil". O grupo deve fazer ao menos mais um encontro semelhante até o final do ano.
"É uma discussão sobre as macrodiretrizes e métodos. Não se espera que em um dia você possa [concluir o programa de governo]", afirmou Campos, ontem. O governador está em São Paulo desde sexta-feira para reuniões preparatórias para o evento.
Marina retorna hoje de Miami (EUA), onde recebeu um prêmio, e se encontra no final do dia com o pernambucano.
Depois de oficializado o acordo entre Campos e Marina, parte da Rede se rebelou contra a decisão da ex-ministra. Fundadores deixaram o projeto por discordar da opção da ex-senadora, que não teria consultado a base de mobilizadores para a decisão.
Na sequência, a direção da Rede recusou convite feito pelo PSB para que dois de seus integrantes compusessem o diretório nacional socialista.
As divergências entre os partidos se acentuaram em praças nas quais há interesses distintos no apoio a candidaturas a governador, como São Paulo e Distrito Federal.
Campos e Marina têm dito que formatarão a plataforma de campanha antes de definir quem será candidato a presidente e a vice na chapa majoritária do PSB em 2014.
Nas pesquisas mais recentes de intenção de voto, Marina aparece melhor posicionada que o novo aliado. Segundo Ibope e Datafolha deste mês, Marina tem de 21% a 29% das indicações, contra 10% a 15% de Campos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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