- Folha de S. Paulo
A rejeição do tal "mercado" a Dilma e as reavaliações para baixo das chances de reeleição são a típica faca de dois gumes --ou o típico discurso que cabe em dois palanques, em sentidos opostos.
Assim como rebaixam toda hora as previsões de crescimento, que já rondam 1%, agências e consultorias rebaixam simultaneamente as perspectivas de vitória de Dilma.
Se essas duas tendências andam juntas --quanto mais o aumento do PIB cai, mais a crença na vitória de Dilma cai--, há um pêndulo que já virou piada socialmente, mas é levado a sério nas campanhas: Dilma cai nas pesquisas, as Bolsas sobem; Dilma sobe, as Bolsas caem.
Para a oposição, é, ou parece ser, um grande trunfo poder martelar nos palanques e nos programas de TV, com dados de pesquisas, agências e bancos, o quanto Dilma é rejeitada por "quem entende das coisas".
Mas, para o PT e a campanha da reeleição, é, e não apenas parece ser, uma imensa vantagem poder usar os mesmíssimos dados para cristalizar ainda mais o discurso, talvez a sensação, de que Dilma é rejeitada "pela elite", "pelos mercados", "pelos bancos" por sua alma "robinhoodiana", de tirar de ricos insaciáveis para dar aos pobres famintos.
Não é bom para Aécio Neves e para Eduardo Campos colar suas imagens, seus discursos e seus programas a essa "elite", símbolo da desigualdade ancestral brasileira. E é bom para Dilma mostrar-se como a mulher que lutou contra a ditadura e agora enfrenta os poderosos.
Entre a versão e os fatos (os bancos nunca lucraram tanto quanto na era Lula...) vai uma imensa distância. Mas sempre há um bom marketing para sobrepor versões a fatos.
O problema é que a rejeição de Dilma está longe de ser exclusiva do "mercado". Bate em 35% no país, 47% no Estado de São Paulo e em estonteantes 49% na capital paulista. E não é só dela --é dela e do PT.
Aliás, Lula vai passar incólume por essa imensa onda de rejeição?
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