- O Estado de S. Paulo
Não há nada de bom para o governo na decisão do Tribunal de Contas da União que concluiu pela responsabilidade de 11 ex-diretores da Petrobrás (um preso) no prejuízo de quase 800 milhões de dólares da empresa na operação de compra da refinaria de Pasadena.
O resultado é desastroso e só se justifica a euforia do PT pela constatação de que em tempo de vacas magras, carne de segunda é filé. Não se tem conhecimento de atestado de inidoneidade mais contundente a uma companhia do porte da Petrobrás do que a suspeição formal imposta a um colegiado inteiro, como no caso.
A comemoração do governo e a decepção de parte da oposição se explica pela expectativa maior de responsabilização da presidente da República, beneficiada pela exclusão do Conselho de Administração da estatal do relatório do ministro José Jorge, aprovado por unanimidade pelos seus pares.
Sabe-se que o TCU optou pela análise objetiva da operação, em que a responsabilidade da diretoria é inequívoca, para evitar o risco de paralisação política do processo.
A responsabilidade do Conselho de Administração, de natureza estatutária, seria imediata não fosse a polêmica iniciada pela presidente da República com a acusação à diretoria de manipulação de dados para obter a aprovação.
Uma vez polemizada a responsabilidade do Conselho, e politizada pela época eleitoral, o tribunal preferiu avançar com objetividade, bloqueando os bens dos diretores e abrindo a etapa da tomada de contas, que identificará a participação de cada um, em cada etapa da operação.
A dinâmica do processo fará o resto, como já sinaliza a declaração de um dos ex-diretores, Nestor Ceveró, sugerindo que tem o que contar para mudar o relatório do TCU.
A questão politica negativa se mantém: Dilma não foi responsabilizada pela aprovação dolosa da operação comercial, mas sua imagem de gestora mantém-se abalada, principalmente porque associada aos resultados da economia.
A Petrobrás segue mal das pernas, afetada por uma política intervencionista que serviu ao cardápio populista do governo, cujo auge se registrou no congelamento do preço da gasolina, com prejuízo estrondoso para a empresa e a economia.
O governo tem muitas frentes contra a meta da reeleição, o que o mantém na defensiva. Economia em queda (às portas de uma recessão técnica), dissidência nas bases regionais, conflitos internos de campanha e deterioração do patrimônio político do PT.
A decisão do TCU, pois, é um sopro de ar fresco que não abaixa a temperatura . Apenas, como no folclore popular, tira o bode da sala, reduzindo o aperto .
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