• Preso há mais de 1 ano, ex-tesoureiro quer que partido reconheça eventuais crimes
Fernanda Krakovics - O Globo
Embora o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto esteja propondo que o partido faça uma espécie de acordo de leniência no âmbito da Operação Lava-Jato, dirigentes petistas afirmam que ele não cogita fazer delação premiada. Condenado a 24 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa, Vaccari cumpre pena há um ano e dois meses em Curitiba.
— A estratégia dele é permanecer em silêncio. Isso não é comportamento de quem quer delatar. Ele é extremamente turrão — disse um integrante da cúpula do partido.
Segundo dirigentes do PT, o extesoureiro propôs que o partido negocie um acordo de leniência, o que foi descartado. Esses acordos são uma espécie de delação premiada para pessoas jurídicas. Empresas colaboram com as investigações em troca de um alívio nas punições administrativas, como a proibição de fazer contratos com o poder público.
Integrantes da direção do PT afirmam que essa figura jurídica não existe para partidos e que, de qualquer forma, não livraria dirigentes petistas de eventuais condenações criminais. Outra preocupação é com o desgaste político de tal iniciativa.
— O PT teria que dizer que cometeu um crime, que fez lavagem de dinheiro, caixa dois, e a Justiça estabeleceria uma multa, mas isso não livra as pessoas físicas. Os executivos das empresas foram todos condenados. Eles estão tendo redução de pena porque fizeram delação — afirmou um dirigente do PT, ressaltando que estava falando em tese e que o partido não cometeu crimes.
Vaccari estaria tentando atenuar sua situação sem trair o partido. Petistas afirmam que, para fechar acordo de delação, o ex-tesoureiro teria que entregar o ex-presidente Lula , e isso ele não vai fazer, segundo eles.
— Ele está pressionando o partido a aceitar uma coisa no meio do caminho. O cara que é petista histórico, como ele, não faz delação. — disse um parlamentar do PT.
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