A
minha alucinação é suportar o dia a dia
Como
presente de aniversário, eu gostaria que me dessem de volta a realidade como
pauta. A discussão política foi sequestrada pelo delírio, e estamos todos
exaustos.
Mesmo
quando o dia é de uma rara boa notícia, como foi o último domingo, não temos
chance: a insanidade nos absorve. O nosso ministro da Saúde ficou frustrado,
bravo mesmo, nem sequer comemorou o início da
vacinação. Se isso não é sintoma da alucinação, não sei mais nada.
Respiramos fundo e tentamos fincar de volta os pés na realidade: temos uma vacina, mas para vacinar o nosso povo precisamos de agulhas e seringas. O momento é complexo, o mundo todo busca os mesmos insumos e, por isso, eles se tornam escassos. A realidade bastaria, mas nós temos o nosso desvario. O pai do Eduardo ficou bravo porque o embaixador da China respondeu ao seu filho mal-educado no Twitter e o governo perdeu a capacidade de interlocução. O povo brasileiro, que já enfrenta há anos a crise econômica que se agrava em virtude da pandemia e que enfrentou o negacionismo na saúde, enfrentará agora uma maior dificuldade no seu plano (que plano?) de imunização porque o filho do Jair arrumou briga nas redes sociais.
Chega.
Precisamos falar de outro assunto. Nesta quarta (20) tivemos a posse de Joe
Biden nos EUA. Trump perdeu. Perde o negacionismo, o
autoritarismo.
O
Brasil pode perder também, porque o Jair, que senta na cadeira da Presidência,
decidiu não só fazer campanha em favor da reeleição do agora perdedor como saiu
por aí falando que a eleição estadunidense foi fraudada.
A
realidade nos assusta com as possíveis sanções decorrentes do desvario. Em
2020, a Amazônia teve a maior taxa de desmatamento dos últimos dez anos. Jair
nega, com alicerce nas vozes da sua cabeça. E não há com o que se preocupar,
diz nosso chefe de Estado: "quando acaba a saliva, tem que ter
pólvora!".
A alucinação sequestrou o debate no Brasil. Logo aqui, que a gente tem tanta realidade para resolver.
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