A
questão humanitária torna muito infeliz a frase do deputado Ricardo Barros e
faz do impeachment de Bolsonaro uma urgência nacional
Na
semana passada, com o número de mortes por Covid no Brasil se aproximando de
300 mil, morrendo mais de 2.000 pessoas por dia, com o sistema de saúde
entrando em colapso por todo o país, com milhões de pessoas angustiadas por
providências de quem as pudesse tomar; diante da realidade de horrores que
invade lares e despedaça as famílias, o deputado Ricardo
Barros, líder do governo na Câmara, veio a público dizer que tal tragédia “é
uma situação até confortável”.
Talvez por isso o novo ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga, esclareceu, de imediato, que sua administração será de continuidade e servilismo. Com efeito, se a situação é confortável, por que não deixar como está? A situação é tão confortável e tranquila que, para quebrar a monotonia, Bolsonaro veio, mais uma vez, tumultuar e confundir: lançou suspeita sobre vacinas, pôs em dúvida os números de mortes por Covid registrados pelos órgãos competentes, ameaçou medida dura contra quem tomar medidas contra a pandemia, insinuou estado de sítio e acionou o STF para impedir medidas de proteção sanitária adotadas no Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal.
Antes
de Queiroga ser convidado para o Ministério da Saúde, a médica Ludhmila Hajjar,
que não queria continuidade, expôs seu desconforto com o avanço célere da
pandemia, num quadro que chamou de “sombrio”. Em resposta, as trevas do
bolsonarismo investiram contra ela com a vileza costumeira e emplacaram o nome
escolhido por Flávio Bolsonaro.
A fala infeliz do deputado Barros acerca da situação “até confortável” que vivemos foi proferida um dia antes da morte, por Covid, do senador Major Olímpio. Estão dizendo que essa morte abalou o Congresso. Abalo salutar, mas que traz uma nota de desalento: toda a República já deveria estar maximamente abalada com as anteriores mortes de milhares de cidadãos, compreendendo que o impeachment de Bolsonaro é uma urgência nacional por questão humanitária e de sobrevivência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário