Julia Duailibi e Christiane Samarco
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
O PSB, que faz parte da base aliada do governo, vai promover um giro nacional para colocar em evidência o presidenciável Ciro Gomes. O partido acha necessário ter dois candidatos governistas para forçar um segundo turno na eleição presidencial de 2010, contra José Serra, do PSDB. “O governo não pode ficar só com a Dilma. É muito arriscado”, disse o senador Renato Casagrande (ES), da executiva do PSB
PSB alerta que crise ameaça Dilma e articula Ciro para forçar 2º turno
"Operação Pernambuco" prevê lançamento de dois candidatos da base governista em 2010 para enfrentar Serra
Com a tese de que é necessário lançar dois candidatos governistas para forçar um segundo turno na eleição presidencial de 2010, o PSB começou a executar um giro nacional para colocar em evidência o presidenciável do partido, Ciro Gomes.
A articulação já ganhou até um nome, a chamada "Operação Pernambuco". Trata-se de uma referência às eleições de 2006 naquele Estado, quando a oposição lançou dois candidatos, Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT), contra o candidato do governo, Mendonça Filho (DEM), então favorito e apoiado pelo ex-governador do Estado, Jarbas Vasconcellos (PMDB). A oposição conseguiu forçar o segundo turno e Campos acabou vencendo.
"O governo não pode ficar só com a Dilma, é muito arriscado", advertiu o senador Renato Casagrande (ES) na reunião da executiva do PSB, na semana passada, em referência à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Uma economia em queda expõe as mazelas do governo", emendou o senador.
O temor da cúpula socialista é de que as dificuldades econômicas arrastem a candidatura da petista Dilma, abrindo espaço para a vitória em primeiro turno do candidato da oposição. O PSB aposta todas as suas fichas na candidatura do governador paulista José Serra (PSDB), e também não tem dúvidas de que grande parte do debate de campanha se dará em torno da gestão pública, área em que o tucano tem mais experiência.
Para Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, lançar duas candidaturas é "uma forma de garantir a defesa do governo e de assegurar um segundo turno". "Há espaço para mais de um candidato da base. Temos dois exemplos, um bem-sucedido, que foi Pernambuco, e um malsucedido, que foi São Paulo. É o mesmo raciocínio para 2010", disse o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). O parlamentar se refere à eleição de 2008, quando o PT, de Marta Suplicy, foi vencido por Gilberto Kassab (DEM). À época, aliados dos petistas insistiam em ter mais uma candidatura de oposição, mas o PT preferiu se aliar ao PC do B, de Aldo Rebelo, já no primeiro turno. Alguns pessebistas também desconfiam do fôlego de Dilma para vencer Serra, o que dá mais combustível ao lançamento de outra candidatura da base.
TELEVISÃO
O partido pretende dar musculatura à candidatura de Ciro nos próximos meses. Deputado pelo Ceará, ele será a principal estrela do programa de TV do PSB, que vai ao ar no dia 16. No calendário, são articuladas viagens pelo País, cujo motor é crise econômica, tema que Ciro, ex-ministro da Fazenda (1994), debate com familiaridade.
Há cerca de quinze dias, ele esteve em Manaus, onde conversou com empresários locais. Neste fim de semana deve ir a Porto Alegre. Na agenda, há ainda viagens para Rio Branco, Cuiabá e Belo Horizonte. Na terça-feira, há uma reunião entre os líderes do partido para discutir, entre outros pontos, uma pesquisa nacional que está sendo realizada em todo o País.
É com base na pesquisa que os líderes do PSB pretendem conversar com Lula sobre a conveniência de se lançar mais um candidato da base governista. "Vamos mostrar ao presidente nossas razões. Em 2002, nossas assessorias se entenderam muito bem. Vamos tentar convencê-lo", disse Amaral. O partido acredita que pode melhorar o potencial de votos, que em 2006 ultrapassou 21 milhões. "Dos três candidatos (Serra, Dilma e Ciro), ele foi o que teve menos exposição. Ainda assim, aparece bem nas pesquisas", afirmou o presidente do PSB paulista, Márcio França.
ESPERA
Ciro demorou para começar a se posicionar como uma alternativa para 2010. Ex-ministro da Integração Nacional, ele tem boa relação com o presidente e temia que a antecipação da eleição fosse prejudicial ao debate. Por outro lado, dizem aliados, também esperava uma sinalização do presidente, que acabou por abraçar a pré-candidatura de Dilma. "Agora estamos organizando com ele a agenda do partido. Estamos dialogando com ele de uma forma mais intensa", disse Casagrande.
Lula ainda é reticente em relação à existência de dois candidatos da base. O parceiro preferencial é o PMDB, mas o partido pode entrar dividido na eleição, o que poderia propiciar uma indicação de Ciro ou Eduardo Campos para vice de Dilma. Amaral resiste a essa opção, mas afirma que "não é um determinismo o PSB ter candidato nem uma tragédia apoiar (o PT)". Em 2006, o partido não apoiou oficialmente a reeleição de Lula em razão da verticalização, que condicionava as alianças regionais à federal.
O partido quer que Ciro aproveite a vertente economista e mergulhe nos temas sobre o País. "Eu sei onde está o dinheiro", chegou a comentar o ex-ministro, em entrevista recente à Rede TV, ao ser indagado sobre as respostas para a crise.
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
O PSB, que faz parte da base aliada do governo, vai promover um giro nacional para colocar em evidência o presidenciável Ciro Gomes. O partido acha necessário ter dois candidatos governistas para forçar um segundo turno na eleição presidencial de 2010, contra José Serra, do PSDB. “O governo não pode ficar só com a Dilma. É muito arriscado”, disse o senador Renato Casagrande (ES), da executiva do PSB
PSB alerta que crise ameaça Dilma e articula Ciro para forçar 2º turno
"Operação Pernambuco" prevê lançamento de dois candidatos da base governista em 2010 para enfrentar Serra
Com a tese de que é necessário lançar dois candidatos governistas para forçar um segundo turno na eleição presidencial de 2010, o PSB começou a executar um giro nacional para colocar em evidência o presidenciável do partido, Ciro Gomes.
A articulação já ganhou até um nome, a chamada "Operação Pernambuco". Trata-se de uma referência às eleições de 2006 naquele Estado, quando a oposição lançou dois candidatos, Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT), contra o candidato do governo, Mendonça Filho (DEM), então favorito e apoiado pelo ex-governador do Estado, Jarbas Vasconcellos (PMDB). A oposição conseguiu forçar o segundo turno e Campos acabou vencendo.
"O governo não pode ficar só com a Dilma, é muito arriscado", advertiu o senador Renato Casagrande (ES) na reunião da executiva do PSB, na semana passada, em referência à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Uma economia em queda expõe as mazelas do governo", emendou o senador.
O temor da cúpula socialista é de que as dificuldades econômicas arrastem a candidatura da petista Dilma, abrindo espaço para a vitória em primeiro turno do candidato da oposição. O PSB aposta todas as suas fichas na candidatura do governador paulista José Serra (PSDB), e também não tem dúvidas de que grande parte do debate de campanha se dará em torno da gestão pública, área em que o tucano tem mais experiência.
Para Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, lançar duas candidaturas é "uma forma de garantir a defesa do governo e de assegurar um segundo turno". "Há espaço para mais de um candidato da base. Temos dois exemplos, um bem-sucedido, que foi Pernambuco, e um malsucedido, que foi São Paulo. É o mesmo raciocínio para 2010", disse o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). O parlamentar se refere à eleição de 2008, quando o PT, de Marta Suplicy, foi vencido por Gilberto Kassab (DEM). À época, aliados dos petistas insistiam em ter mais uma candidatura de oposição, mas o PT preferiu se aliar ao PC do B, de Aldo Rebelo, já no primeiro turno. Alguns pessebistas também desconfiam do fôlego de Dilma para vencer Serra, o que dá mais combustível ao lançamento de outra candidatura da base.
TELEVISÃO
O partido pretende dar musculatura à candidatura de Ciro nos próximos meses. Deputado pelo Ceará, ele será a principal estrela do programa de TV do PSB, que vai ao ar no dia 16. No calendário, são articuladas viagens pelo País, cujo motor é crise econômica, tema que Ciro, ex-ministro da Fazenda (1994), debate com familiaridade.
Há cerca de quinze dias, ele esteve em Manaus, onde conversou com empresários locais. Neste fim de semana deve ir a Porto Alegre. Na agenda, há ainda viagens para Rio Branco, Cuiabá e Belo Horizonte. Na terça-feira, há uma reunião entre os líderes do partido para discutir, entre outros pontos, uma pesquisa nacional que está sendo realizada em todo o País.
É com base na pesquisa que os líderes do PSB pretendem conversar com Lula sobre a conveniência de se lançar mais um candidato da base governista. "Vamos mostrar ao presidente nossas razões. Em 2002, nossas assessorias se entenderam muito bem. Vamos tentar convencê-lo", disse Amaral. O partido acredita que pode melhorar o potencial de votos, que em 2006 ultrapassou 21 milhões. "Dos três candidatos (Serra, Dilma e Ciro), ele foi o que teve menos exposição. Ainda assim, aparece bem nas pesquisas", afirmou o presidente do PSB paulista, Márcio França.
ESPERA
Ciro demorou para começar a se posicionar como uma alternativa para 2010. Ex-ministro da Integração Nacional, ele tem boa relação com o presidente e temia que a antecipação da eleição fosse prejudicial ao debate. Por outro lado, dizem aliados, também esperava uma sinalização do presidente, que acabou por abraçar a pré-candidatura de Dilma. "Agora estamos organizando com ele a agenda do partido. Estamos dialogando com ele de uma forma mais intensa", disse Casagrande.
Lula ainda é reticente em relação à existência de dois candidatos da base. O parceiro preferencial é o PMDB, mas o partido pode entrar dividido na eleição, o que poderia propiciar uma indicação de Ciro ou Eduardo Campos para vice de Dilma. Amaral resiste a essa opção, mas afirma que "não é um determinismo o PSB ter candidato nem uma tragédia apoiar (o PT)". Em 2006, o partido não apoiou oficialmente a reeleição de Lula em razão da verticalização, que condicionava as alianças regionais à federal.
O partido quer que Ciro aproveite a vertente economista e mergulhe nos temas sobre o País. "Eu sei onde está o dinheiro", chegou a comentar o ex-ministro, em entrevista recente à Rede TV, ao ser indagado sobre as respostas para a crise.
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