DEU EM O GLOBO
PPS não abre mão de nome ao Senado, como tucanos querem, e agrava crise na véspera do lançamento da candidatura
Natanael Damasceno, Cássio Bruno e Flávio Freire
PPS não abre mão de nome ao Senado, como tucanos querem, e agrava crise na véspera do lançamento da candidatura
Natanael Damasceno, Cássio Bruno e Flávio Freire
RIO e SÃO PAULO. O PPS não abriu mão da vaga de senador para o PSDB, tornando ainda mais aguda a crise na aliança em torno do deputado federal Fernando Gabeira, que hoje lança sua candidatura pelo PV. Depois de uma reunião na sede do diretório, o presidente regional do partido, deputado Comte Bittencourt, disse que a convenção do PPS, que acontece hoje, vai homologar o nome do ex-deputado Marcelo Cerqueira ao Senado, como já havia sido combinado com os outros partidos que integram a coligação (PV e DEM). Cerqueira, amigo do presidenciável tucano, José Serra, participou da reunião, mas não quis se pronunciar.
Comte, que antes mesmo da reunião afirmou que o PPS não se curvaria aos desejos de parte da executiva nacional do PSDB, disse que espera que a decisão não prejudique a coligação: — Essa aliança está sendo construída há muito tempo.
Esperamos que não prejudique, pois o Gabeira sempre foi o plano do PPS.
Marcello Alencar confirma pressão do PSDB nacional A convenção dos partidos da aliança para oficializar Gabeira está marcada para hoje, a partir das 10h, no Clube Canto do Rio, em Niterói. Ontem, o presidente de honra do PSDB no Rio, o exgovernador Marcelo Alencar, confirmou a tentativa do comando nacional da legenda de adiar a convenção: — Há pressão. Mas não adianta nada mudar o candidato ao Senado. Não toleramos isso. É um atraso para a própria candidatura do Serra. Eles (comando nacional) não compreendem o Rio. Infelizmente, meu partido está nessa situação.
A presença de Serra na convenção, até ontem à noite, ainda era dúvida. Depois de informar, durante a tarde, que Serra não participaria do encontro, a assessoria disse que o candidato ainda não havia decidido.
Em seu blog, o presidente regional do PV, Alfredo Sirkis, classificou a crise na aliança como “molecagem suicida”. “A estranha crise desencadeada na véspera da convenção, a se consumar, entrará para os anais da política brasileira como um dos mais extremos e irresponsáveis episódios de molecagem suicida.
Sua principal vítima será a candidatura presidencial de José Serra cuja performance no Rio já não era das melhores, antes disso”, escreveu Sirkis.
Irônico, Gabeira confirmou a realização da convenção: — O noivo estará, mas, se não for ninguém, vamos aproveitar a vida de solteiro.
Mais cedo, em entrevista ao portal G1, Gabeira também confirmou a pressão do PSDB e disse que o partido “está vacilando”.
A confusão ocorreu depois de o PSDB do Rio ter anunciado esta semana a intenção de lançar candidato ao Senado, por determinação do PSDB nacional. O objetivo do partido é fortalecer o número da legenda (45) na propaganda regional, beneficiando a campanha de José Serra no estado. Recentemente, Gabeira enfrentou outro impasse: a resistência do PV ao nome de Cesar Maia em sua chapa.
— Vamos manter a candidatura de Marcelo Cerqueira. Ele só não será candidato se não quiser. Vamos homologar amanhã (hoje) na convenção — afirmou o presidente regional do PPS, deputado estadual Comte Bittencourt.
Comte criticou a iniciativa do PSDB. Para o dirigente, tratase de uma “engenharia de marqueteiros de campanhas”.
Segundo ele, o PPS “não cometerá deslizes éticos”.
— Não queremos provocar um deslize ético de um compromisso assumido pelos quatro partidos. Tudo isso é uma engenharia de marqueteiros de campanhas. O caso merecia um debate preliminar, o que não ocorreu — disparou.
O vereador do PPS Paulo Pinheiro também é contra: — Nem a ditadura militar cassou o Cerqueira. Não é uma atitude legal (do PSDB). Não estamos interessados no cargo de vice. Queremos o 23 para o Senado.
Se ficasse com a vaga para disputar o Senado, um dos nomes indicados pelo PSDB seria o ex-prefeito de Macaé Silvio Lopes.
Ele, no entanto, está inelegível por ter sido condenado por um colegiado do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) por abuso de poder econômico nas eleições de 2008. O tucano recorre ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com um investimento de R$ 50 mil dos quatro partidos, a convenção terá a presença da candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva. A opção por Niterói foi uma forma de homenagear a cidade, onde, em abril, 47 pessoas morreram no Morro do Bumba após um deslizamento provocado pelas chuvas.
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