Liderança "informal" do governo rendeu a Palocci críticas de colegas da bancada, mas até oposição elogia poder de articulação
Fernanda Odilla e Ranier Bragon
BRASÍLIA - A passagem de Antonio Palocci pela Câmara dos Deputados, entre 2007 e 2010, se deu longe dos holofotes, mas em estreita sintonia com o Palácio do Planalto, para quem atuou durante momentos cruciais como um "líder informal" na Casa.
Sua voz foi pouco ouvida nos microfones do plenário. Somente 17 falas registradas em quatro anos, a maior parte para responder a questões de colegas sobre grandes temas de interesse do governo.
Eleito o terceiro deputado federal mais votado de São Paulo pelo PT em 2006, Palocci havia deixado o Ministério da Fazenda meses antes, em meio ao caso da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
Sua queda, entretanto, aparentemente não resultou em perda significativa de influência no Planalto, no mercado financeiro e no mundo empresarial. "Foi um deputado-ministro", ilustra o colega e aliado Silvio Costa (PTB-PE), que dividiu com ele as cadeiras da Comissão de Finanças.
Essa posição de líder informal criou rusgas no PT. Integrantes da bancada reclamavam que Palocci atuava muito mais em nome do governo do que em nome do partido. E que, assim como na Fazenda, mostrava-se pouco acessível aos colegas de bancada.
A maioria dos congressistas ouvidos pela Folha, de oposição e de governo, porém, classificam-no como grande articulador de bastidores. "Ele tem trânsito com todo mundo", diz o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), na época deputado.
Os arquivos da Câmara registram ainda que o petista relatou 109 projetos nos quatro anos. Presidiu ainda em 2008 a comissão que tratou da reforma tributária.
Apresentou apenas cinco projetos de sua autoria, mas nenhum deles virou lei.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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