Tá valendo tudo, até recolher o kit anti-homofobia do MEC, para tentar conter a base aliada e evitar uma CPI e a convocação do primeiro-ministro, ops!, do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para explicar o crescimento estonteante do seu patrimônio.
Sem explicações e consumindo gordura e energia para fechar qualquer canal de investigação (Polícia Federal, Receita e Conselho de Ética, além de CPIs e de comissões ordinárias do Congresso), Dilma fica refém, sucessivamente, de Lula, de Palocci (que, depois dessa, está liberado para tudo...) e dos aliados vorazes e acostumados ao jogo bruto, especialmente no PMDB.
Vêm daí a derrota na votação do Código Florestal na Câmara, a trombada entre PT e PMDB, a sem-cerimônia das bancadas evangélica e católica, o recuo nas cartilhas educativas anti-homofobia.
Tudo isso é potencializado pelo semi-imobilismo de Palocci, que é o negociador político do governo e, convenhamos, tem mais o que fazer enquanto não explica qual o projeto da "Projeto".
A descoordenação começa nele e avança pelos demais líderes de Dilma no Congresso. Na Câmara, o do governo, Cândido Vaccarezza, e o do PT, Paulo Teixeira, batem de frente. No Senado, o do governo, Romero Jucá, também tem lá suas explicações a dar, e não é de hoje. E o do PT, Humberto Costa, ainda tem que comer muito feijão.
Nesse quadro, Lula aumenta e Dilma diminui já no seu quinto mês de governo. Ele ganha desenvoltura e assume o tom, a articulação, a estratégia. E ela se tranca nos palácios. Pode apostar: Lula deve estar sendo muito mais procurado -e acionado- do que a presidente da República. Por todos os motivos, isso não é nada bom nem para Dilma nem para seu governo.
PS - Com leucemia, Itamar Franco fica de molho por 30 dias. Um desfalque e tanto numa oposição aturdida e sem voz em que ele vem tendo natural destaque.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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