“Um espectro ronda a Europa — o espectro do comunismo” com esta frase se abria um dos mais conhecidos textos da história política da humanidade: O Manifesto Comunista escrito por Karl Marx e Frederich Engels no longínquo ano de 1848.
Parece que agora o que os ilustres revolucionários de outrora vaticinaram nos primórdios do capitalismo está se concretizando com a China (supostamente comunista) se propondo a comprar os títulos da dívida pública da Itália e da Grécia e de outros países europeus, desde que lhe reconheçam como economia de mercado.
É muito significativo que, até o momento ninguém condicionou ou ao menos criticou, muito menos os possíveis receptores deste apoio, o sistema político dos doadores solicitando a realização de eleições livres, a implantação pluralidade partidária e a garantia de plena liberdade de imprensa, enfim, a que assumam a democracia como forma de governo.
Mais irônico ainda é que o dirigente máximo da Itália, que poderá vir a ser a porta de entrada do espectro chinês, é o tal do Berlusconi, talvez o personagem mais representativo na Europa de hoje do “Homo capitalistus” globalizado e liberal, o magnata da comunicação, o empresário voluntarioso e audacioso, o boquirroto autoglorificante, o playboy conqistador.
Irá a Europa reconhecer a China como economia de mercado? O Brasil já o fez sob o governo Lula. O sim ou o não vem ao caso agora, o que conta é o paradoxo e o non sense em pleno andamento que desnuda a confusão de valores de nossa época.
Só para lembrar o Manifesto Comunista terminava assim: Os proletários nada têm a perder senão os seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!”
No mundo de hoje, por prudência, é melhor não perder ou descuidar dos grilhões, eles poderão ainda ter algum valor de troca para recomprar títulos de dívida pública de alguma democracia européia dos comunistas chineses.
Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.
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