Débora Duque
O mais novo gesto de reaproximação entre o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o governador Eduardo Campos (PSB) – que, até então, protagonizavam a maior rivalidade da política local – foi alvo de ironias do presidente nacional do PSDB e deputado federal Sérgio Guerra. A provocação do tucano decorre do fato de que foi justamente sua aproximação com o governador que motivou seu o rompimento com o peemedebista. Em 2010, Jarbas acusou Guerra de não ter se engajado em sua campanha ao governo do Estado e, de quebra, ter sido conivente com a migração de prefeitos do PSDB para o palanque socialista.
Diante do clima de cordialidade entre Jarbas e Eduardo, o dirigente tucano não só afirmou que o ex-aliado deve explicações como aproveitou para dizer que o PSDB nunca mudou de postura, pois sempre manteve uma relação amistosa com o PSB, do qual, inclusive, já fez parte. “Quem tem que explicar isso é Jarbas. Durante muito tempo, alguém me acusou de ser amigo de Eduardo. Eu sou amigo dele. O PSDB nunca saiu do lugar dele. Sempre dissemos a mesma coisa e vamos continuar a dizer”, alfinetou, aliviando o tom, em seguida: “Se Jarbas dizia uma coisa e hoje diz outra, não cabe a mim julgar”.
As declarações de Guerra foram dadas pouco antes do encontro estadual do PSDB, realizado ontem, no Centro de Convenções. Mas, ao discursar à plateia, o presidente do partido voltou a se referir à mudança do peemedebista. “Pernambuco mudou e não enxergar isso é não enxergar o óbvio. Não podemos andar contra a sociedade. Agora, não adianta ser ‘brabo’ ontem e, hoje, ser bonzinho”, bradou, sem citar nomes. As mensagem veladas a Jarbas prosseguiram. Ao falar que o PSDB é “firme” e sem “radicalismos”, Guerra enfatizou que o partido não pode ser prender a “alianças conjunturais”, mas que “honrou todos os compromissos” e, por isso, será “recompensado” nas urnas.
A preocupação em rebater as críticas quanto à inclinação eduardista do PSDB não foi exclusividade de Sérgio Guerra. Anfitrião do evento, o prefeiturável Daniel Coelho (PSDB) também aproveitou seu discurso para responder, em tom mais ameno, tais questionamentos. “Já vieram questionar nossa posição política. Somos de uma oposição inteligente. Ser oposição não é atrapalhar de forma irresponsável os governos. Exercemos uma oposição moderna, sem criticar só por criticar”, declarou aos filiados.
Questionado sobre o distensionamento da relação entre Jarbas, de quem é próximo, e o governador, ao qual exerce oposição na Assembleia Legislativa, Daniel foi diplomático. “É um gesto de civilidade e faz parte do trabalho de dois governantes. Agora, a conotação política disso só pode ser explicada por eles”, minimizou.
Vestido com camisa verde, cor de seu antigo partido, Daniel foi saudado por Sérgio Guerra e militantes como “futuro prefeito” do Recife. Ele também aproveitou o ato de para criticar o embate “personalista” travado no PT a respeito da sucessão e pedir o engajamento de todos dos correligionários. Com aproximadamente 2 mil pessoas, o evento serviu, oficialmente, para que os pré-candidatos majoritários do partido assinassem um termo de compromisso com o programa Cidades Sustentáveis. Na prática, foi um fortalecimento à candidatura de Daniel.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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