quarta-feira, 28 de março de 2012

PMDB evita embate com Dilma, mas rejeita Lobão

Partido quer esvaziar candidatura sugerida pela presidente e fortalecer Renan; Planalto nega interferência na escolha

Maria Lima, Gerson Camarotti, Luiza Damé e Catarina Alencastro

BRASÍLIA. A cúpula do PMDB decidiu que não vai brigar com a presidente Dilma Rousseff, que decidiu influir na sucessão das presidências do Senado e da Câmara, no próximo ano. Apesar do desconforto causado pela notícia publicada ontem pelo GLOBO de que Dilma deseja fazer do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o próximo presidente do Senado, em 2013, os peemedebistas querem mostrar que o senador Renan Calheiros (AL) é um aliado "fundamental e indispensável". Dessa forma, pretendem esvaziar a possível candidatura de Lobão e fortalecer Renan, para que ele decida o candidato.

Ontem, por meio de nota, o Planalto negou essa interferência, mas Dilma já conversou com Lobão sobre sua intenção de que ele substitua o senador José Sarney (PMDB-AP) na presidência. Em resposta, Renan, líder do PMDB na Casa, foi curto e direto: disse que a ele, como líder, cabe a condução do processo de sucessão de Sarney, na hora certa.

- Precisamos resguardar o direito, conquistado pelo PMDB, de eleger o presidente do Senado. Na hora certa, vamos conduzir a bancada. Esse papel é do líder. Esse é o meu papel.

Os peemedebistas dizem que Lobão foi "boi de piranha" nesse episódio e que a coisa não vai acabar bem para ele, se continuar dando corda a Dilma.

- O Renan vai trabalhar como um leão. Vai fazer um monte de favor. Dilma vai precisar. E vai chegar muito forte em dezembro para disputar a presidência do Senado - resumiu um dos interlocutores de Renan.

Para mostrar que não será algo fácil de resolver, o senador Vital do Rego (PMDB-PB) avisou que pretende disputar o cargo. A avaliação na cúpula do PMDB é que Dilma está ignorando a real situação do partido ao dizer que não existe crise. Um experiente senador lembra o cotidiano do poder em Brasília para alertar:

- Em oito anos, Lula saía do Planalto, ia dormir no Alvorada e, quando passava pelo Jaburu (residência oficial do vice-presidente), via as luzes apagadas. Agora Dilma, ao passar pelo Jaburu, vê as luzes sempre acesas. Michel não resolve tudo, mas aceita qualquer tipo de encomenda, apaga incêndios, discute a crise do dia.

O Planalto negou que haja articulação de Rousseff. A Secretaria de Relações Institucionais divulgou nota da ministra Ideli Salvatti desmentindo que a presidente esteja trabalhando por Lobão:

"Não têm qualquer fundamento as notícias divulgadas nos últimos dias atribuindo ao Executivo uma suposta intenção de patrocinar candidato à presidência do Senado. Tais referências desrespeitam a independência do Poder Legislativo e afrontam às prerrogativas dos senhores parlamentares, a quem caberá, em 2013, de forma soberana e autônoma, escolher os dirigentes das duas casas legislativas".

Mais tarde, ao sair do Fórum Saúde da Mulher no Século XXI, Ideli falou sobre o assunto:

- O Poder Legislativo é autônomo. Não há qualquer interferência. Não há, não deve haver e nem acontecerá.

O presidente da República em exercício, deputado Marco Maia (PT-RS), saiu em defesa de Dilma:

- É muito cedo ainda para falar sobre este assunto. E são duas questões que dizem respeito ao Senado e à Câmara dos Deputados.

FONTE: O GLOBO

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