Chico Santos
VITÓRIA - Uma das menores capitais brasileiras, com apenas 327,8 mil
habitantes, mas com a maior renda per capita entre todas elas (R$ 61,79 mil em
2009, último dado do IBGE), Vitória, capital do Espírito Santo, caminha para um
segundo turno da eleição municipal a ser disputado entre dois candidatos
nascidos do campo de influência do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), que
governou a cidade de 1993 a 1996 e o Estado entre 2003 a 2010.
Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Luciano Rezende (PPS) são os dois nomes
mais cotados nas pesquisas, egressos de partidos que fazem oposição a
presidente Dilma Rousseff. O cientista político André Pereira, da Universidade
Federal do Espírito Santo (Ufes), enxerga na disputa da capital e de outros
municípios a prévia de uma possível disputa entre Hartung e o governador Renato
Casagrande (PSB) pelo governo do Estado em 2014. Em terceiro nas pesquisas
aparece a candidata do PT, Iriny Lopes, cuja candidatura não decolou, entre
outros fatores, segundo especialistas, por carregar o peso de uma gestão
petista, do prefeito João Coser, que chega ao fim mal avaliada pela população.
Vitória tem seis candidatos a prefeito. O tucano Vellozo Lucas, que foi duas
vezes prefeito da capital capixaba (1997 a 2004), deputado federal de 2007 a
2010 e coordenador da campanha presidencial de José Serra (PSDB) em 2002,
lidera as últimas pesquisas com 43% no Ibope (22/09) e 36% no local Instituto
Futura (30/09).
O ex-campeão de remo Luciano Rezende, deputado estadual, aparece com 22% no
Ibope e com 27,2% no Futura. Ele foi secretário de Educação e de Saúde durante
a gestão do tucano na prefeitura e depois secretário de Esportes de Hartung no
governo do Estado. Em 2008, apoiado por Vellozo Lucas, perdeu a disputa pela
prefeitura para o prefeito Coser, obtendo 31,7% dos votos, contra 65% do
petista.
Visto como um candidato das camadas médias da sociedade capixaba, Rezende
aliou-se ao PR, liderado no Estado pelo senador Magno Malta. Segundo Pereira,
da Ufes, foi o caminho encontrado para atrair votos das camadas mais pobres de
Vitória, espaço onde o tucano, embora também identificado com os setores
médios, já possui seu espaço devido a um programa bem sucedido de urbanização
de favelas.
Embora formalmente o governador Casagrande tenha ficado neutro na disputa,
Pereira e outros analistas veem simpatia do governador pela candidatura do PPS,
ainda que seu partido, o PSB, esteja aliado ao PT, e indicou o candidato a vice
na chapa da petista Iriny. Em Vitória e em várias cidades, como Vila Velha, a
maior do Estado, Casagrande está em campo oposto ao de Hartung, abrindo espaço
para as especulações de que estão demarcando posições, embora seus aliados
neguem.
Hartung quase foi candidato em Vitória. Casagrande defendia sua candidatura,
mas com sua desistência "incentivou" a aliança de Rezende com o PR
para aumentar o tempo de televisão. Mas o governador disse que pessoalmente não
fez campanha para ninguém, embora tenha aparecido ao lado de candidatos pelo
Estado e sua foto tenha sido também usada na campanha. Ele afirmou que segue
aliado de Hartung e que não há nenhum "tensionamento" entre eles.
Ao Valor, Rezende disse que "Vitória quer mudança",
posicionando-se como um nome novo na disputa. Vellozo Lucas contou na reta
final com o auxílio do senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais
postulantes à indicação do seu partido à candidatura presidencial em 2014. O
candidato tucano, que chegou a ser considerado provável eleito no primeiro
turno, admitiu ao Valor que deverá haver segundo turno.
A petista Iriny, ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, ainda alimenta esperança de chegar ao segundo turno e ontem, quando
todos se preparavam para o último debate na TV, estava fazendo campanha nas
ruas da capital. Ela admitiu que o desgaste de o PT estar na prefeitura há oito
anos, mesmo com muitos acertos, é uma das razões da sua má posição nas
pesquisas, mas não a principal. Ela acha que houve demora na definição da
candidatura e que por estar no terceiro mandato de deputado federal, está há
muito tempo "fisicamente" fora da cidade.
Fonte: Valor Econômico
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