“Será necessária a ação política (no sentido estrito) para que se possa falar de “partido político”? Observe-se que no mundo moderno, em muitos países, os partidos orgânicos e fundamentais se dividiram, por necessidade de luta ou por qualquer outra razão, em frações que assumiram o nome de “partido” e, inclusive, de partido independente. Por isso, muitas vezes o Estado Maior intelectual do partido orgânico não pertence a nenhuma das frações, mas opera como se fosse uma força dirigente superior aos partidos e as vezes reconhecida como tal pelo público.
Portanto, apresentam-se duas formas de “partido” que, como tal, ao que parece, fazem abstração da ação política imediata: o partido constituído por uma elite de homens de cultura que têm a função de dirigir do ponto de vista da cultura, da ideologia geral, um grande movimento de partidos afins (na realidade, frações de um mesmo partido orgânico); e, no período mais recente, o partido de não-elite mas de massas, que como massas não tem outra função política que a de uma fidelidade genérica, de tipo militar, a um centro político visível ou invisível (frequentemente o centro visível é o mecanismo de comando de forças que não desejam mostrar-se a plena luz, mas apenas operar indiretamente por interposta pessoa e por ”interposta ideologia”). A massa é simplesmente de ”manobra“ e é “conquistada” com pregações morais, estímulos sentimentais, mitos messiânicos de expectativa de idades fabulosas, nas quais todas as contradições e misérias do presente serão automaticamente resolvidas e sanadas.”
Cf. Antonio Gramsci, “Elementos de política”, in ‘Maquiavel, a política e o Estado moderno, p.22. Civilização Brasileira,3ª edição, Rio de Janeiro, 1978.
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