• Candidata afirma que Neca Setubal não era atacada quando ajudou Haddad (PT)
Sérgio Roxo – O Globo
SÃO PAULO - A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, saiu em defesa ontem de Neca Setubal, uma das coordenadoras do seu programa de governo, em razão dos ataques feitos na véspera pela presidente Dilma Rousseff (PT). Para a presidenciável do PSB, o PT segue uma "visão autoritária de parte da esquerda" ao se referir ao papel de Neca, sócia do Banco Itaú, na sua campanha. Ela afirmou que Neca foi tratada de forma diferente quando colaborou, na área de educação, com o programa de governo de Fernando Haddad, candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, em 2012.
- Há uma visão autoritária de um setor da esquerda que, se você estiver a serviço deles, você está ungido pelo manto da proteção. Se você tem uma outra escolha, aí você passa a ser satanizado. É só verificar que a Neca ajudou também no programa do Haddad, e, naquele momento, ela era tratada como educadora. Agora ela está sendo tratada como banqueira.
O coordenador do programa de governo de Haddad, o cientista político Aldo Fornazieri, afirmou que Neca não teve uma participação "direta" na elaboração de proposta:
- Ela opinou ao participar de um debate.
Marina também acrescentou ontem que o Itaú colaborou com mais doações para a campanha de Dilma em 2010.
- Em 2010, quem mais recebeu doação do Banco Itaú foi a presidente Dilma - disse a candidata do PSB, após visitar uma entidade que atende vítimas de violência doméstica em São Paulo.
De acordo com a prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma recebeu R$ 4 milhões do banco na campanha de 2010, contra R$ 3,5 milhões do então candidato do PSDB, José Serra. Marina, que concorria pelo PV, foi beneficiada com R$ 1 milhão do Itaú.
Na terça-feira, Dilma acusou Marina de ser sustentada por banqueiros.
- Os nossos advogados estão tomando as providências sobre as calúnias que estão sendo feitas a mim e ao nosso programa de governo - respondeu Marina, ao ser questionada sobre a acusação.
A coligação liderada por Marina protocolou ontem dois pedidos de direito de resposta junto ao TSE contra a coligação de Dilma. Os pedidos contestam as inserções veiculadas na propaganda petista na última terça-feira sobre as posições da candidata do PSB em relação ao pré-sal e à autonomia do Banco Central. A propaganda dizia que Marina ameaça abandonar a exploração do pré-sal e que a independência do BC, defendida por ela, dá poder aos banqueiros.
Ontem, Marina retificou sua declaração de patrimônio entregue à Justiça Eleitoral, ampliando em R$ 45.612,94 o valor declarado, que passou de R$ 135.401,38 para R$ 181.018,82. Ela acrescentou uma aplicação em renda fixa de R$ 30 mil e um saldo em poupança de R$ 15.612,94. O pedido de retificação foi feito no dia 5 de setembro. Na véspera, a coligação da presidente Dilma havia pedido à Procuradoria Geral da República para investigar rendimentos de Marina com palestras, solicitando apuração de eventual omissão no patrimônio de bens da candidata. De acordo com reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" de 31 de agosto, Marina teve um faturamento bruto de R$ 1,6 milhão com palestras entre 2011 e 2014.
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