Com prejuízo de R$ 34,84 bilhões em 2015, a Petrobrás apresentou um resultado pior que o previsto pelos analistas e continuou expondo os danos acumulados em muitos anos de administração irresponsável e de pilhagem sem freio. As perdas foram atribuídas principalmente à redução do preço do petróleo, mas boa parte das baixas de ativos foi consequência dos muitos desmandos cometidos durante os governos petistas.
Os efeitos da corrupção já haviam aparecido nas contas de 2014, fechadas com prejuízo de R$ 21,59 bilhões. O balanço daquele ano foi o começo de uma faxina contábil prolongada em 2015. Essa limpeza é o aspecto mais positivo das últimas demonstrações financeiras. Ao revalorizar a transparência, a empresa caminha, segundo o presidente Aldemir Bendine, para o “resgate de sua credibilidade”.
Não será um resgate fácil. Na segunda-feira, dia da divulgação do novo balanço, foi aberta em Nova York a 29.ª ação individual contra a empresa. A nova ação acusa os ex-dirigentes da empresa José Sérgio Gabrielli e Maria das Graças Foster de participar do esquema de corrupção. Além disso, menciona a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os investigados na Operação Lava Jato. Ainda será preciso remover muito entulho dos anos de baderna.
Em 2015, a redução dos preços do petróleo – de uma média superior a US$ 76 por barril para cerca de US$ 43 – causou a maior parte dos prejuízos. Perdas foram também ocasionadas pelo câmbio, porque a alta do dólar afetou o valor em real das dívidas. A administração da empresa é incapaz de controlar diretamente fatores como esses.
Mas o ajuste de ativos, uma depreciação de R$ 49,75 bilhões, refletiu tanto a baixa do preço do petróleo quanto erros e desmandos cometidos na gestão da empresa, nos anos da pilhagem, quando ocorreram alguns dos maiores tropeços do governo petista. O aumento do risco Brasil e a perda do grau de investimento impuseram uma desvalorização de ativos maior do que teria sido em outras condições. O rebaixamento do crédito, além de encarecer o financiamento da empresa, eleva a taxa de desconto usada na reavaliação do patrimônio. A classificação de risco da Petrobrás tem refletido tanto a piora das condições da empresa quanto a redução da nota de crédito soberano pelas agências de avaliação.
As contas foram afetadas também por políticas impostas à empresa. Foram contabilizadas no último trimestre perdas de R$ 2,51 bilhões por inadimplência de recebíveis de subsidiárias da Eletrobrás. Estatais brasileiras são fontes de problemas para outras estatais. Além disso, foi preciso provisionar R$ 1,88 bilhão para custos com processos judiciais, contar perdas de R$ 670 milhões com paradas imprevistas e registrar despesas de R$ 352 milhões vinculadas à desativação da Refinaria de Okinawa, no Japão. A reavaliação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) resultou numa baixa de R$ 5,28 bilhões. Mais uma vez adiada, a operação completa do Comperj deverá ocorrer somente em 2023. Na reavaliação do Complexo Petroquímico de Suape foi registrada uma perda de R$ 782 milhões.
O endividamento continua superior ao programado, mas a empresa tem cerca de R$ 100 bilhões em caixa e isso deve reduzir, por alguns meses, a necessidade de novos empréstimos. Apesar das dificuldades, a geração de caixa em 2015 foi considerada satisfatória.
Os desmandos cometidos na era petista foram muito além da pilhagem investigada pela Operação Lava Jato. Envolveram investimentos mal planejados e mal executados, como o da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e custos aumentados inutilmente para execução de uma absurda política de conteúdo nacional.
A empresa continuará cortando investimentos e vendendo ativos para se reerguer. O PT, ruidoso defensor do estatismo, pode incluir entre suas façanhas a devastação da maior estatal brasileira, em outros tempos uma das maiores petroleiras do mundo.
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