• Juiz da Lava Jato alega ‘risco à ordem publica’ ao decretar temporária de Mantega, mas manda soltá-lo ao saber do estado de saúde de sua mulher
-O Estado de S. Paulo
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi detido ontem por volta das 7h no Hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, e, à tarde, deixou a carceragem da Polícia Federal, na zona oeste, após o juiz Sérgio Moro determinar sua soltura às 12h20.
“Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje (ontem) quando o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, Ministério Público Federal e deste Juízo”, escreveu o juiz federal.
Ao pedir a prisão preventiva de Mantega, a Procuradoria da República alegou “riscos à ordem pública” e de destruição de provas. Moro expediu prisão temporária de ofício e, ao determinar a soltura do ex-ministro com base no estado de saúde de sua mulher, a psicanalista Eliane Berger Mantega, afirmou que estão “esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas neste momento”. Eliane está em tratamento contra um câncer e passou ontem por uma cirurgia no cérebro.
“Revogo a prisão temporária decretada contra Guido Mantega, sem prejuízo das demais medidas e a avaliação de medidas futuras”, afirmou o juiz.
‘Infortúnio’. O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da for- ça-tarefa da Lava Jato, classificou de “infortúnio” o fato de Mantega ter sido detido no hospital. “Infelizmente, situações e coincidências como esta são tristes, mas não há como não se cumprir uma ordem judicial.”
Na ordem de prisão de Mantega e mais sete suspeitos, expedida em 16 de agosto, mas não cumprida, segundo os investigadores da força-tarefa, por causa da Olimpíada no Rio, Moro afirmou que não caberia a um ministro pedir doações eleitorais.
“Seu interlocutor (de Eike Batista) teria sido o então ministro da Fazenda, a quem não cabe solicitar doações eleitorais ao partido do governo, ainda mais doações sub-reptícias”, afirmou o juiz em relação aos R$ 5 milhões que teriam sido pedidos ao empresário.
Moro justificou a prisão também com base em “risco à investigação e à instrução”. “A falsificação de documentos para acobertar crimes coloca em risco a integridade da instrução e da investigação, havendo risco da produção de novos documentos falsos para conferir suporte a contratos simulados ou superfaturados.” / FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO, RICARDO BRANDT e MATEUS COUTINHO
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