Ao mostrar que o Brasil perdeu 1,5 milhão de vagas formais em 2015, o pior resultado da série histórica iniciada em 1985, os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho expõem de maneira dramática os efeitos da crise pela qual o País vem passando. Por abranger os trabalhadores contratados de acordo com as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e os servidores públicos, a Rais é o registro mais amplo do trabalho formal no País.
A forte redução do estoque de trabalhadores com carteira assinada explica em grande parte a queda de vendas do comércio, que se reflete nas encomendas à indústria e nas importações de bens de consumo. Além disso, menos empregados deixam de contribuir para a Previdência Social e a arrecadação tributária cai com a desaceleração do ritmo de atividade.
Desde 1992 a Rais não apresentava saldo negativo, com mais demissões do que admissões no ano. Na comparação com 2014, quando foram criados 623 mil postos de trabalho, o nível de emprego entre os trabalhadores celetistas do setor privado e terceirizados do setor público teve recuo de 3,45% em relação ao ano anterior, com o fechamento de 1,364 milhão de postos de trabalho. Só na agricultura houve aumento do emprego, mas em volume pouco significativo (20,9 mil vagas abertas).
Houve, também, queda de 1,51% dos servidores públicos estatutários, com o corte de 135,7 mil vagas, seja porque funcionários que se aposentaram não foram substituídos, seja porque concursos para admissão foram suspensos. Isso se verificou tanto no plano federal quanto na maioria dos Estados. Só em três deles – Piauí (0,67%), Acre (2,14%) e Roraima (2,38%) – o número de servidores aumentou.
Num mercado de trabalho tão apertado, o salário médio dos trabalhadores formais caiu 2,56% em termos nominais, passando de R$ 2.725,28 em dezembro de 2014 para R$ 2.655,60 no fim de 2015.
Em face dos resultados negativos mensais que vem apresentando o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), não se espera que a Rais relativa a 2016 venha a mostrar um quadro mais animador. O desemprego configura o problema mais grave da economia brasileira e o nível de ocupação só pode voltar a crescer de forma sustentável num ambiente mais propício a novos investimentos como o atual governo está empenhado em criar.
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