Eleito com 61 dos 81 votos, o novo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), citado na Lava-Jato, prometeu “lutar contra a corrupção” e ser firme quando “um poder se levantar contra outro”. Renan Calheiros deixou o cargo, mas o PMDB continua no comando.
• Senador eleito pelo Ceará foi escolhido por 61 votos para presidir o Senado até 2018
Cristiane Jungblut, Maria Lima | O Globo
-BRASÍLIA- Aliado do presidente Michel Temer e citado nas delações da Lava-Jato, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi eleito ontem novo presidente do Senado com o desafio de aprovar as reformas do governo e conduzir a Casa em meio às investigações contra vários senadores. Eunício assumiu com um discurso prometendo “combate à corrupção” e defendeu o “diálogo com os demais Poderes”, destacando, no entanto, que cabe à presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, o fim ou não do sigilo das investigações em curso — um pleito de seus aliados de partido. Eunício foi eleito com 61 votos dos 81 senadores.
— É necessário fazer com que o Senado não perca a corrente contemporânea da luta contra a corrupção neste país. Temos de assegurar o funcionamento pleno do Estado de Direito e o funcionamento de cada uma das instituições da República, que têm de cumprir seus papéis constitucionais. Mas é essencial ser firme, ser duro e ser líder quando um Poder parece se levantar contra um outro Poder — disse Eunício.
A avaliação é de que o novo presidente do Senado não criará dificuldades para o governo Michel Temer nem baterá de frente com o Judiciário, como Renan na reta final de sua gestão. Eunício promete atuar para distensionar a relação com o Judiciário.
— Qualitativamente será melhor (que eu) — disse Renan Calheiros (PMDB-AL), ao ser perguntado sobre as diferenças de estilo dos dois correligionários no comando do Senado.
Anistia ao caixa dois, por exemplo, um tema polêmico de interesse de parlamentares envolvidos na Operação Lavajato, não está no horizonte de prioridades do novo presidente do Senado. Seu foco, garante, será destravar a agenda de reformas e a pauta econômica.
— A missão que temos é a de destravar a pauta econômica e fazer o Brasil voltar a crescer. O presidente do Senado não pode ter agenda pessoal, mas institucional. Vou ouvir o plenário para organizar as prioridades de pauta. — prometeu.
Outro ponto polêmico, o projeto que atualiza as regras de punição para crimes de abuso de autoridades, de autoria de Renan e que foi visto como uma forma de retaliação ao Judiciário e Polícia Federal na Operação Lava-jato, igualmente não será prioridade. Ele terá uma postura bem menos beligerante que a do antecessor, o colega Renan Calheiros, que abriu guerra contra o Poder Judiciário e o Legislativo. Ele não deverá dar seguimento à aprovação da Lei de Abuso de Autoridade, por exemplo.
— Vou procurar distensionar o clima político e abrir o diálogo entre os poderes da República. — disse Eunício ao GLOBO.
Eunício defendeu a aprovação da reforma da Previdência e a aprovação de medidas em favor da estabilidade da economia. Com a eleição de Eunício, Renan Calheiros assume a liderança do PMDB na Casa. A vitória confirma a manutenção da dinastia do PMDB no comando da Casa.
Eunício negociou diretamente com o PT, que fez acordo para garantir participação na Mesa com José Pimentel (PT-CE) na primeira secretaria. Para não irritar ainda mais a esquerda do partido, o PT liberou a bancada na hora da votação para presidente. Na prática, venceu o pragmatismo: ter o cargo na Mesa.
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