Convite a ministro da Fazenda é feito em almoço e notícia anima mercado financeiro
- O Estado de S. Paulo.
Idiana Tomazelli e Igor Gadelha | O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O PSD já trata o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como seu pré-candidato à Presidência da República em 2018. A bancada do partido fez o convite ontem em almoço na residência do ministro em Brasília, com o aval do presidente licenciado da legenda, o ministro Gilberto Kassab. Segundo os deputados, a reação de Meirelles foi um sorriso, que “vale mais do que duas palavras”, disse o líder do PSD na Câmara, Marcos Montes (MG). A notícia animou o mercado.
O ministro recebeu pouco mais de 20 parlamentares do PSD, ao qual é filiado, em sua casa no Lago Sul. De acordo com Montes, ele ouviu a proposta com “entusiasmo” e deu aval para que integrantes do partido falem de política “em seu nome”. O mercado financeiro reagiu à notícia – o dólar chegou a desacelerar a alta ante o real –, mesmo com o desmentido publicado por Meirelles em seu perfil no Twitter.
“Eu não sou pré-candidato à Presidência da República”, escreveu. Ainda assim, afirmou ter ficado “muito honrado” com as palavras dos deputados do PSD e disse que seguirá debatendo política econômica com todos os parlamentares.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Meirelles buscou ser cuidadoso no uso das palavras durante o encontro com correligionários, justamente para evitar que a notícia tivesse algum impacto em seu trabalho no Ministério da Fazenda. A negativa no Twitter faz parte dessa estratégia. Antes de publicar a mensagem na rede social, o ministro ligou para o líder do PSD para informá-lo sobre como reagiria em público.
A oficialização do convite da bancada do PSD para Meirelles ser candidato foi combinada antes do almoço por integrantes da cúpula do partido. O objetivo é fazer uma espécie de “pré-lançamento” do nome do ministro e começar a testar seu apoio. A legenda já sabe até qual perfil deseja um vice. “Ele (Meirelles) já tem vinculação muito grande com São Paulo, acho que o vice seria de outra região”, disse Kassab durante evento em São Paulo.
No almoço ontem em Brasília, deputados sugeriram a Meirelles que ele comece a fazer “incursões” nos Estados em busca de apoio para a futura candidatura. O objetivo é torná-lo mais conhecido, para além do mercado financeiro. A ideia é que ele se reúna com empresários e políticos locais. O primeiro Estado deve ser Minas Gerais.
Exposição. Agentes do mercado consideram que a candidatura de Meirelles ganhou força e deve ser formalmente anunciada no fim do ano ou início de 2018. Antes disso, avaliaram, o ministro estaria muito exposto a críticas. Para outro operador do setor financeiro, a notícia não ajuda porque representa uma futura saída de Meirelles da Fazenda (ele teria de se desincompatibilizar do cargo público até abril do ano que vem), um fator que poderia recrudescer a resistência do Congresso às reformas propostas pelo governo ainda não aprovadas, como a da Previdência.
Interlocutores do presidente Michel Temer têm acompanhado os movimentos de Meirelles, que já participou de eventos em igrejas evangélicas e até de batizados, como o da filha do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB), pré-candidato ao governo do Pará, em junho. Esse ingrediente político tem adicionado tensão à relação entre o ministro e os auxiliares próximos a Temer, que iniciaram um “fogo amigo” na direção do titular da Fazenda.
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