- Folha de S. Paulo
Presidente desencoraja Meirelles e cogita candidatura para se defender de acusações
Incensado por auxiliares, Michel Temer deu três passos concretos, nos últimos dias, para sondar o terreno em torno da hipótese de se lançar à reeleição:
1) No sábado, mandou avisar com todas as letras a Henrique Meirelles(Fazenda) que a aprovação de uma candidatura do ministro ao Planalto pelo MDB tem grandes chances de ser barrada na convenção do partido por caciques mais alinhados ao PT, como Renan Calheiros (AL), Roberto Requião (PR) e a ala mineira da sigla;
2) Disse em voz alta, em uma reunião com aliados, estar certo de que nenhum candidato vai defendê-lo das acusações de corrupção que enfrenta e que, portanto, entrar na disputa pode não ser má ideia;
3) Pediu que auxiliares calculassem o custo de uma campanha presidencial, uma vez que seu próprio partido já definiu a partilha interna de sua fatia do fundo eleitoral, sem levar em conta esse projeto.
A mera suposição de que o presidente mais impopular em décadas toparia enfrentar as urnas ainda soa fantasiosa, mas Temer foi convencido por aliados de que é necessário acelerar a discussão desse plano para evitar que o governo fique isolado no jogo de barganhas eleitorais.
A principal sinalização de Temer foi emitida em direção a Meirelles. Ao apresentar um obstáculo quase intransponível à candidatura do ministro, o presidente busca se impor como única opção do MDB para a disputa —ainda que não haja qualquer clamor por seu nome na sigla.
Temer reduziu sua oposição à ideia ao perceber que o cerco de investigadores contra ele deve torná-lo um presidente ainda mais frágil no fim de seu mandato. Ao acumular o Palácio e o palanque, ele ganharia um foro extra para se defender.
O presidente está distante de uma decisão sobre o assunto, mas quer medir seu poder. Ainda que seja considerado um jogador fraco, o movimento de suas peças bloqueia caminhos e congestiona ainda mais o confuso tabuleiro eleitoral deste ano.
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