Há muitas dúvidas sobre o que na realidade será colocado em prática pelo próximo presidente
Faltam debates e explicações objetivas que ajudem a esclarecer o quede fato pensam os candidatos, problema que já vem do primeiro turno. A lacuna terminou ampliada com o atentado a Jair Bolsonaro (PSL), que chegou à frente de Fernando Haddad (PT) nas urnas. Hospitalizado, não pôde participar dos debates programados na primeira fase das eleições, tendo sido liberado para a campanha a partir de quinta-feira, segundo os médicos. Espera-se que Bolsonaro e Haddad possam, frente afrente, esclarecer as inúmeras dúvidas que existem e não param de aumentar.
O PT apresentou um programa, mas feito, como se percebeu, sem maiores interferências do candidato Fernando Haddad, que assumiu a cabeça de chapa petista depois da confirmação daquilo que já se sabia: Lula, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, não teria condições de se candidatar, conforme estabelece a Lei da Ficha Limpa. Devido a razões apenas eleitorais, Lula determinou que o partido continuasse a guerra de recursos, para estender ao máximo a indefinição, por considerar que facilitaria a transferência para Haddad de votos que seriam seus.
Deu certo, porque o pupilo foi para o segundo turno. Mas terminou encurtando o tempo para o candidato defender o programa.
Esta eleição tem sido marcada por grande desinformação sobre o que esperar dos candidatos. Fernando Haddad deu indícios de que pelo menos parte do programa herdado de Lula ele não assinaria embaixo.
A antiga ideia fixa da “Constituinte exclusiva”, inspirada no chavismo, foi atenuada. Em vez de cravara proposta, usou a forma: “criaras condições” para a convocação da assembleia. Na segunda-feira à noite, dia seguinte a o da ida para o segundo turno das eleições, em entrevista ao “Jornal Nacional", Haddad comunicou a retirada da proposta do programa do partido.
Mas há vários pontos cegos que precisam ser iluminados. Por exemplo, a melhor interpretação do que significa “fazer a roda girar”, repetido na propaganda eleitoral. O programa indica ser o mesmo erro cometido por Dilma, no ativismo estatal de usar recursos públicos para reativar a economia, o que eleva a dívida pública —já bastante alta e em ascensão — sem que retorne o crescimento sustentado. Mesmo porque este ativismo degrada as expectativas quanto à já abalada saúde fiscal, e os investimentos se retraem mais ainda.
Existem também sombras sobre a reforma da Previdência, essencial para colocar a economia nos trilhos. Os dois discordam da proposta encaminhada por Temer ao Congresso, mas o que insinuam colocar no lugar não fica em pé: regime de capitalização, só alterar o regime dos servidores, reduzir a idade mínima de 65 anos para homem e 62 para mulher etc. Na ponta do lápis, sem que se saiba ao certo quais as fontes do dinheiro adicional que seria necessário para essas mudanças e outras benesses, tudo até piora.
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