O Estado de S. Paulo
Violência, provas do golpe, crise fiscal, dólar, juros e emendas parlamentares… Feliz Natal!
As expressões que dominaram o debate e as
preocupações de 2024 no Brasil vão ficar de herança para 2025: violência,
tentativa de golpe, crise fiscal, juros, dólar e emendas parlamentares, que
infernizam a vida dos brasileiros, azedam o humor nacional e respingam no
governo, mesmo quando ele não tem nada a ver diretamente com isso.
No escândalo das emendas, pode-se até dizer que este governo (mais um…) é refém do Congresso e, simultaneamente, corréu e vítima da enxurrada de dinheiro público que sai de planilhas de Câmara e Senado, passa pelo Planalto e chega sabe-se lá onde – e se devidamente como a lei, a ordem e os princípios básicos de gestão pública mandam.
Trata-se de um círculo vicioso que não apenas
se repete como só piora, com valores aviltantes e negociações escabrosas. Se o
governo libera as emendas, vota-se a favor do Brasil. Se não, vota-se contra e
dane-se todo mundo. E quem tem de dar um basta, como no caso do golpe, é o
Supremo. Flávio Dino, que acaba de suspender R$ 4,2 bi em emendas, às vésperas
do Natal, está para as emendas como Alexandre de Moraes para o golpe.
A violência do Norte ao Sul embola bandidos
como quem deveria ser mocinho, e o crime organizado se infiltra nas
instituições, em setores da economia privada e derrete a confiança da população
na capacidade do Estado de vencer essa guerra. A questão é urgente, mas os
governadores não se entendem entre eles, muito menos com o governo federal, e a
Casa Civil acaba de devolver para o Ministério da Justiça, também pertinho do
Natal, o tão necessário pacote da segurança.
A articulação do golpe, já provada e
comprovada, levou para a cadeia o primeiro general de quatro estrelas desde a
redemocratização e a lista de militares envolvidos, sobretudo do Exército,
cresce e gera apostas: quem vai seguir o tenente-coronel Mauro Cid e fazer
delação premiada? E, afinal, quantos – e quais – farão companhia ao general
Braga Netto na prisão? É tão constrangedor para as Forças Armadas quanto
desanimador para a sociedade, que não sabe mais em quem confiar.
Desequilíbrio fiscal, inflação acima do teto
da meta, juros de volta à estratosfera e o mercado testando limites com
sucessivas disparadas do dólar, num movimento que o economista e filósofo
Eduardo Giannetti criticou, em entrevista ao Estadão, como “reação exagerada do
mercado financeiro” e que a sociedade começa a ver como a velha e despudorada
especulação. Como ele diz, é estranho o mercado ser tão exigente ao pedir
cortes de gasto primário, mas não dar bola para o custo fiscal do “aumento
extravagante de juros”.
E, assim, “la nave va”. Feliz Natal!
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