Empreiteira teria repassado R$ 115 milhões em operações atípicas; suspeita é que firmas intermediavam propinas
Relatório do Coaf aponta que transações foram feitas nos anos eleitorais de 2006, 2008 e 2010, diz revista
BRASÍLIA - O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), estuda pedir a quebra do sigilo fiscal de empresas abastecidas de forma atípica pela construtora Delta, além da convocação de seus responsáveis. A oposição também vai apresentar à CPI pedido semelhante.
Segundo reportagem da revista "Veja", relatório do Coaf (órgão de inteligência financeira do governo, vinculado à Fazenda) aponta que a Delta, em movimentação anormal, depositou R$ 115 milhões para essas empresas no período entre 2006 e 2011.
A suspeita é que a Delta usava empresas de fachada para intermediar o pagamento de propina e de doações não declaradas (caixa dois) a campanhas eleitorais.
Segundo a revista, o relatório do Coaf lista oito empresas e depósitos em contas de laranjas. A maior movimentação ocorreu nos anos eleitorais de 2006, 2008 e 2010.
"Pretendo quebrar o sigilo. Mas, antes, precisaria analisar os documentos do Coaf", afirmou Odair, lembrando que, nesta semana, não haverá reunião para votação de pedidos de quebra de sigilo e convocação na CPI.
Vice-presidente da CPI, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) diz que a investigação das empresas ocorrerá após análise do relatório de movimentação financeira da Delta.
A quebra de sigilo da empreiteira foi aprovada na terça-feira passada. "Quando chegarem os dados da quebra de sigilo da Delta, investigaremos isso."
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que vai pedir a convocação e a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos nas supostas laranjas da Delta.
"Temos que espremer todo o laranjal. Devemos e queremos a convocação de políticos, empresários e laranjas."
Para o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), a quebra do sigilo do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, revelará desvios. "Vamos pedir preferência para essa votação."
Dias afirma que os detalhes sobre o sigilo de Cavendish são mais úteis à CPI do que novos pedidos envolvendo empresas ligadas à Delta.
Segundo a reportagem da "Veja", chamou a atenção do Coaf o fato de o dinheiro sair das contas em saques feitos na boca do caixa, em valores inferiores a R$ 100 mil, numa forma de despistar o controle oficial de movimentação.
Encarregado de fiscalizar transações financeiras, o Coaf detecta automaticamente qualquer movimentação superior a esse valor.
O advogado da construtora José Luis Oliveira Lima afirmou que "a auditoria determinada pela Delta ainda não foi concluída, o que impossibilita um posicionamento pontual da empresa".
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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