Por Arícia Martins, Francine de Lorenzo e Tainara Machado
SÃO PAULO - A estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) na passagem do último trimestre de 2011 para o primeiro deste ano, período em que a economia cresceu apenas 0,2%, feitos os ajustes sazonais, frustrou expectativas de que a atividade iria mostrar alguma recuperação, ainda que modesta, após os estímulos que vêm sendo concedidos pelo governo desde meados de 2011. Onze instituições consultadas pelo Valor Data esperavam, na média, alta de 0,55% para o PIB no período, com intervalo entre 0,50% e 0,80%.
Agora, dizem analistas, fica mais improvável garantir um crescimento econômico de 3% ao fim do ano, como ainda visa o governo - para muitos, 2,5% virou teto. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, calcula que seria necessário um avanço médio de 1,6% por trimestre, na comparação com o trimestre anterior, para que a economia encerre 2012 com avanço de 3%.
Pelo lado da demanda, o investimento foi o principal aspecto negativo. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), medida que mostra quanto os setores público e privado investiram em máquinas, equipamentos e construção civil, recuou 1,8% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, terceira queda trimestral consecutiva. Essa retração, diz o IBGE, só não foi maior porque a construção civil teve desempenho positivo, com alta de 1,5%.
Para o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, o mau desempenho do investimento reforça que a queda nos últimos três trimestres tem efeito duradouro. "Essa série limita o aumento do produto potencial [crescimento que, em tese, não acelera a inflação] e diminui a capacidade do Brasil de crescer 4% ao ano de forma sustentável", afirmou o economista. Para ele, um crescimento de 2,5% neste ano passou a ser o teto possível para 2012.
O consumo das famílias, que representa mais de 60% do PIB pelo ótica da demanda, também vem mostrando desempenho modesto na avaliação de economistas, apesar do crescimento de 1% na passagem do último trimestre de 2011 para o primeiro deste ano, feito o ajuste sazonal. Essa variação é a mesma registrada no quarto trimestre do ano passado e poderia ser maior caso a demanda por bens duráveis continuasse pujante, de acordo com Fabio Ramos, da Quest Investimentos, que reduziu para 2,4% sua previsão para o aumento do PIB em 2012.
A LCA Consultores calculou o desempenho do PIB excluindo o desempenho do investimento. Sem ele, calcula a consultoria, "o PIB brasileiro já cresceu num ritmo próximo de 3,5% ao ano no 1º trimestre de 2012, vindo de uma estagnação no 3º trimestre do ano passado." Com investimento, esse número cai para menos de 1%.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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