Lula saiu inteiro, se não fortalecido, da eleição que procurou, achou e
consagrou o novo.
A humilhação sofrida em Recife, a falta de pernas em Salvador, o vexame em
Teresina, a anemia em Porto Alegre, o despejo em Fortaleza e Diadema, a pulverização
recorde do voto entre partidos: o ex-presidente recebeu múltiplos recados de
que o eleitor não tem dono e de que nem todo "poste" ilumina.
Mas Lula viu e ajudou o PT a consolidar sua cobertura nacional. A sigla foi
a única que cresceu em todas as regiões, nos pequenos e grandes municípios. Não
deixou de colher vitórias em capitais também, casos de Goiânia, João Pessoa e
Rio Branco, além da "barriga de aluguel" em Curitiba. E houve o
extraordinário triunfo em São Paulo, desde sempre a prioridade zero.
A eleição de Fernando Haddad, aliada ao triunfo petista em outras
prefeituras paulistas importantes, não apenas tira Lula da sombra de Dilma, mas
o garante no comando, de fato, do partido no pós-eleição.
É Lula quem vai definir se o Planalto repactuará de imediato ou deixará em
modo de espera as relações com o governador Eduardo Campos (PSB-PE), outro
vencedor de 2012.
Se Dilma montará um cerco a Aécio Neves, agora o tucano a ser abatido. Se o
senador Lindbergh Farias romperá o pacto com o PMDB fluminense e se lançará num
voo solo em 2014. Qual será o quinhão do neoparceiro Gilberto Kassab (PSD). E
quem será o candidato do PT ao governo de São Paulo, fronteira final do projeto
hegemonista do partido -um calouro como Dilma e Haddad (Alexandre Padilha), um
sobrevivente (Aloizio Mercadante) ou o veterano supremo (ele próprio, Lula).
É para proteger esse líder redivivo da mácula e dos desdobramentos do
mensalão que o PT começa hoje mesmo a tentar empastelar as condenações, com
atos de rua, abaixo-assinados e ataques coordenados à imprensa e ao Judiciário.
Fonte: Folha de S. Paulo
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